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Saif al Islam teve vida de luxo em Londres antes de voltar à Líbia

Filho de Kadafi mantinha contatos até com a família real inglesa, mas retornou a seu país quando começaram os protestos contra o regime

Seif al-Islam, filho de Kadafi, em Tripolí (Imed Lamloum/AFP)

Seif al-Islam, filho de Kadafi, em Tripolí (Imed Lamloum/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2011 às 14h28.

Londres - Saif al Islam, o segundo filho de Muammar Kadafi, morou durante anos em Londres, onde manteve uma vida de luxo graças às receitas geradas pelo petróleo líbio.

O filho de Kadafi reapareceu na noite de segunda-feira em Trípoli após ter sido dado por detido pelos rebeldes e até mesmo pelo Governo britânico, que atribuiu nesta terça-feira seu erro à confusa situação na Líbia.

Considerado um modernista até o recente conflito na Líbia revelar seu lado mais duro, Saif al Islam é um velho conhecido da classe política e econômica do Reino Unido.

Em Londres se relacionava com milionários, famosos e até com membros da Família Real, e residia em uma casa avaliada em 11,4 milhões de euros.

Uma vida de luxo e reconhecimento social que desmoronou quando começaram as revoltas na Líbia e a dura repressão do regime de Kadafi, o que fez com que o Governo britânico congelasse todos os fundos e as propriedades que a família do ditador tinha no Reino Unido.

Nesse momento, Saif al Islam se viu envolvido em um famoso escândalo pelo possível plágio da tese de doutorado de 428 páginas que apresentou em 2009 na London School of Economics.

A prestigiosa instituição recebeu várias doações, estimadas em 1,7 milhão de euros, da fundação Kadafi International Charity Development, que é presidida pelo filho do ditador, o que foi muito criticado e levou à saída de seu presidente.

Além de seus vínculos com a elite acadêmica, Saif al Islam vangloriava-se de ter sido convidado aos palácios de Buckingham e Windsor e de ser "amigo pessoal" de Tony Blair, algo negado pelo ex-primeiro-ministro.

Segundo o conservador "The Daily Telegraph", o filho de Kadafi se reuniu em 2009 com Peter Mandelson, então ministro do Trabalho, para defender o retorno à Líbia de Abdelbaset al Megrahi, condenado pelo atentado de Lockerbie, alegando que ele sofria de câncer.

Até pouco tempo, Saif al Islam, cujo nome significa "a espada do Islã", era o rosto amável do regime líbio, mas agora o Tribunal Penal Internacional (TPI) espera poder julgá-lo assim que ele for detido.


Ele era considerado um moderado até retornar à Líbia neste ano para apoiar o regime que seu pai dirige desde 1969 e avisar que haveria "rios de sangue" se as revoltas persistissem.

Saif al Islam domina três idiomas - inglês, francês e alemão -, além do árabe, e estudou Engenharia, Arquitetura e Economia em Trípoli, Viena e Londres.

O título de sua polêmica tese, "O papel da sociedade civil na democratização das instituições de governança global", publicada com pseudônimo, parecia ocultar suas reais ideias, da mesma forma que as entrevistas a veículos britânicos nas quais defendia uma melhor relação da Líbia com o Ocidente.

Além disso, intermediou a favor da libertação de seis médicos búlgaros acusados de infectar crianças com o vírus de Aids na Líbia.

O filho do líder líbio é dono de um grupo de comunicação e sempre negou querer suceder seu pai, como muitos afirmam.

Documentos vazados pelo "Wikileaks" evidenciaram intensas lutas internas entre os filhos de Kadafi e também que o clã está acostumado a esbanjar o dinheiro que obtém com o petróleo.

O segundo filho do excêntrico ditador líbio teria gastado US$ 1 milhão para um show de Mariah Carey, enquanto seu irmão Mutassim, chefe do Conselho de Segurança Nacional, pediu US$ 1,2 milhão à companhia de petróleo líbia para criar seu próprio Exército.

Saif al Islam nasceu em 25 de junho de 1972 e é o primeiro dos seis filhos que Kadafi teve com sua segunda mulher, Safia Farkash.

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