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Saiba quem é o presidente da Coreia do Sul, que declarou lei marcial no país

Ex-promotor e outsider político, Yoon Suk-yeol ficou conhecido como 'campeão das gafes' durante a campanha, em 2022

Yoon Suk-yeol enfrenta crise política e decreta lei marcial na Coreia do Sul (Getty Images)

Yoon Suk-yeol enfrenta crise política e decreta lei marcial na Coreia do Sul (Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 16h32.

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O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, decretou lei marcial nesta terça-feira, 3, sob o pretexto de proteger o país das "forças comunistas", mas em meio a uma forte disputa com a oposição no Parlamento. Ex-promotor e outsider político, Yoon ficou conhecido como "campeão das gafes" durante a campanha presidencial, em 2022.

Eleito em uma votação decidida por menos de um ponto percentual de diferença, Yoon, um ex-promotor e outsider político, desde o início do mandato contou com uma oposição ferrenha do Partido Democrático, que barrou muitas de suas iniciativas parlamentares. Após as eleições de abril, quando os oposicionistas mantiveram a maioria na Casa, o presidente passou a ser apelidado de "pato manco", um político que ainda tem tempo de mandato à frente mas que tem poucos poderes na mão.

Além da falta de resultados de governo, Yoon, que na campanha ficou conhecido como um “campeão das gafes”, enfrentou uma quantidade considerável de escândalos e polêmicas.

Em outubro de 2022, meses depois de tomar posse, 159 pessoas morreram pisoteadas no popular bairro de Itaewon, em Seul, durante uma comemoração do Dia das Bruxas. Seu governo foi acusado de não fazer o suficiente para apoiar as famílias das vítimas, e em janeiro deste ano ele vetou uma lei que autorizava uma nova investigação da tragédia.

Em fevereiro do ano passado, o Parlamento aprovou o impeachment do então ministro do Interior, Lee Sang-min, afirmando que ele deveria assumir a responsabilidade pelas mortes, mas a decisão foi revertida em julho do mesmo ano pela Justiça. No pronunciamento desta terça-feira, Yoon criticou os pedidos de afastamento de integrantes de seu governo, afirmando que “é uma situação que não é apenas sem precedentes em qualquer país do mundo, mas também completamente sem precedentes desde a fundação do nosso país”.

Combate à corrupção e ascensão política

Yoon Suk-yeol fez fama como promotor em grandes casos de corrupção, incluindo o da própria ex-presidente Park Geun-hye, afastada do cargo em 2017 e presa. Em 2017, participou do processo que levou mais um ex-presidente conservador para a cadeia: Lee Myung-bak. Seu apoio entre os progressistas aumentou nesse período, e foi essencial para o próximo e mais importante passo.

Em 2019, Moon Jae-in, entusiasmado por suas visões de reforma no Judiciário, o indicou para procurador-geral, uma decisão que até hoje assombra o atual presidente. Uma vez no cargo, Yoon passou a investigar integrantes do governo, como o ministro da Justiça, Cho Kuk, que deixou o ministério meses depois. A mudança de rumo colocou seu nome no radar dos conservadores.

A ascensão meteórica não durou muito — em boa parte, por culpa do próprio Yoon: o ex-promotor rapidamente ganhou o apelido de "Uma gafe por dia", por conta de suas declarações desastradas. No final de 2021, ele fez comentários que sugeriam uma glorificação do ex-ditador Chun Doo-hwan (1980-1988), condenado à morte (sentença posteriormente revista) pela participação no Massacre de Gwangju, em 1980, quando centenas de manifestantes pró-democracia foram executados.

Em julho daquele ano, Yoon se filiou ao PPP, sua primeira experiência política, e se apresentou como pré-candidato, desafiando nomes tradicionais, como o congressista Hong Joon-pyo. Depois de primárias marcadas por duros ataques pessoais, Yoon se beneficiou das regras do partido, que priorizavam a opinião do chamado “núcleo duro”, mais favorável ao seu nome, e foi confirmado como candidato.

Declaração da Lei Marcial

No discurso televisionado desta terça-feira, o presidente sul-coreano acusou os legisladores de cortar "todos os orçamentos-chave essenciais para as funções fundamentais do país, como o combate aos crimes relacionados às drogas e a manutenção da segurança pública, transformando a Coreia do Sul em um paraíso das drogas e em um estado de caos na segurança pública".

“Nosso Congresso Nacional se tornou um refúgio para criminosos, uma toca de ditadura legislativa que busca paralisar os sistemas judicial e administrativo e derrubar nossa ordem democrática liberal”, disse, qualificando a oposição como dominada por "forças antiestatais que tentam derrubar o regime" e considerou sua decisão "inevitável". “Restaurarei a normalidade no país”.

Yoon não detalhou as medidas que seriam adotadas, mas o chefe do Estado-Maior do Exército, Park An-soo, encarregado pela execução da lei marcial, anunciou em seguida que todas as atividades políticas estariam suspensas — e isso incluía, além de greves, a própria Assembleia Nacional, que tem o poder de reverter a declaração de Yoon. Havia rumores de que o Legislativo seria dissolvido e novas eleições convocadas.

"Todas as atividades políticas, incluindo as da Assembleia Nacional, conselhos locais, partidos políticos, associações políticas, manifestações e protestos, estão proibidas", diz o documento. "Estão proibidos todos os atos que neguem ou tentem derrubar o sistema democrático liberal, bem como a disseminação de notícias falsas, manipulação da opinião pública e propaganda falsa. Todos os meios de comunicação e publicações também estarão sob controle do Comando da Lei Marcial".

Além disso, todo o pessoal médico, incluindo aqueles em treinamento, que estejam em greve ou tenham deixado o setor médico "devem retornar ao trabalho dentro de 48 horas e exercer suas funções de forma fiel". "Aqueles que violarem esta regra serão punidos de acordo com a Lei Marcial".

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