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Rússia reconhecerá eleições de separatistas na Ucrânia

Moscou não havia reconhecido formalmente em maio os referendos de independência realizados pelos separatistas

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov: "esperamos que as eleições sejam realizadas como estão previstas e certamente reconheceremos os resultados" (Giuseppe Cacace/AFP)

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov: "esperamos que as eleições sejam realizadas como estão previstas e certamente reconheceremos os resultados" (Giuseppe Cacace/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 14h46.

Moscou - A Rússia anunciou nesta terça-feira que vai reconhecer os resultados das eleições legislativas e presidenciais de 2 de novembro nas regiões do leste ucraniano controladas pelos insurgentes pró-Rússia, uma decisão criticada por Kiev.

"Esperamos que as eleições sejam realizadas como estão previstas e certamente reconheceremos os resultados", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao jornal Izvestia.

Enquanto os partidos pró-Ocidente que venceram as eleições de domingo na Ucrânia negociam a formação de um novo governo na capital, Moscou lembrou que uma parte do território não está sob controle do Executivo.

Moscou, que segundo Kiev e os países ocidentais, fornece apoio militar aos insurgentes, não havia reconhecido formalmente em maio os referendos de independência realizados pelos separatistas.

Mas, de acordo com Lavrov, trata-se desta vez de "legitimar as autoridades rebeldes", como parte dos acordos de Minsk que estabeleceram um cessar-fogo, em 5 de setembro, para tentar acabar com os combates que deixaram 3.700 mortos no leste ucraniano, segundo a ONU.

Os acordos de paz preveem uma ampla autonomia para as zonas separatistas com um "governo autônomo provisório" e eleições locais, parte de uma descentralização e não de uma independência.

Os separatistas, que não votaram nas legislativas de domingo, não atenderam Kiev, que apresentou a proposta de eleições em 7 de dezembro, e acabaram organizando seus próprios processos eleitorais nas duas "repúblicas" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.

Dimytro Kuleba, membro do Ministério de Relações Exteriores ucraniano, disse à AFP que Moscou está violando o acordo de paz promovido em Minsk.

"A postura da Rússia mina o processo de paz, fragilizando a confiança no país enquanto sócio internacional seguro", declarou Kuleba à AFP.

- Rublo em queda e preços em alta -

A crise ucraniana começou com a destituição do ex-presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch em fevereiro e se agravou com o envolvimento da Rússia, que anexou a península da Crimeia em março e é acusada de estar diretamente envolvida no conflito armado no leste. A situação na Ucrânia provocou a maior divisão entre Moscou e as potências ocidentais desde o fim da Guerra Fria.

A economia russa, abalada por sanções que afetam os grandes bancos e o setor petroleiro, está à beira da recessão. O rublo voltou a registrar um recorde negativo nesta terça em comparação ao euro e ao dólar.

Segundo o ministro da economia Alexei Uliukaev, o fenômeno tem incidência direta sobre os preços, com uma inflação que já supera 8%.

Os embaixadores da União Europeia (UE) se reúnem nesta terça-feira para fazer um balanço da política de sanções em relação à Rússia.

A situação no leste da Ucrânia permanece tensa e os combates foram retomados na segunda-feira, após um fim de semana de relativa calma.

Em Donetsk, combates continuavam sendo travados na área próxima do aeroporto.

- Formação de premiê lidera -

Com 86% dos votos apurados, a vitória eleitoral das forças pró-Ocidente foi confirmada.

A Frente Popular, do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, lidera com 22% dos votos, seguida de perto pelo bloco do presidente Petro Poroshenko (21,7%).

Ambos terão que trabalhar para formar uma coalizão que deve incluir integrantes do Samopomitch (10,9%), um movimento que reúne jovens que participaram dos protestos pró-Europa na Praça Maidan de Kiev, e talvez o partido da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (5,7%).

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