Rússia não tem força para conseguir 'grandes avanços' na Ucrânia, diz chefe da Otan
Chefe da aliança militar afirmou que o governo russo pode continuar a exercer pressão nas linhas de frente e lançar bombas na região
Agência de notícias
Publicado em 27 de junho de 2024 às 16h19.
Última atualização em 27 de junho de 2024 às 16h26.
As forças militares russas não estão em condições de realizar avanços significativos na Ucrânia, afirmou nesta quinta-feira, 27, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan ), Jens Stoltenberg, em uma entrevista à AFP.
"Não temos nenhum outro indicativo nem razão para acreditar que a Rússia tenha capacidade, força para realizar grandes avanços" no território da ex-república soviética, que tem resistido a uma invasão russa há mais de dois anos, declarou Stoltenberg na entrevista.
O chefe da aliança militar afirmou que era provável que a Rússia continuasse exercendo pressão "nas linhas de frente" e bombardeando a região.
"Mas o que vimos é que os ucranianos conseguiram manter a linha", enfatizou.
Os ucranianos "têm conseguido infligir grandes perdas aos invasores russos, tanto na linha de frente quanto com bombardeios profundos", continuou.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, teve em maio seu maior avanço territorial em 18 meses com uma grande ofensiva terrestre na região de Kharkiv, no nordeste.
No início de junho, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que as tropas russas estavam desde então concentrando seus ataques na região de Donetsk, no leste do país.
Os 32 países-membros da aliança liderada pelos Estados Unidos voltaram a aumentar o fornecimento de armas para Kiev, depois que Washington aprovou em abril um pacote de ajuda de US$ 60 bilhões (R$ 330,5 bilhões na cotação atual).
O fator Trump
Durante a entrevista, Stoltenberg também afirmou que espera que os Estados Unidos continuem sendo um "firme aliado" da Otan, "independentemente do resultado" das eleições presidenciais.
O possível retorno à Casa Branca de Donald Trump, que chegou a classificar a Otan como "obsoleta" e a considerar a saída dos EUA da organização, preocupa seus parceiros.
"Uma Otan forte é boa para a Europa, mas também para os Estados Unidos", destacou o secretário-geral, que, em outubro, será substituído pelo primeiro-ministro sainte dos Países Baixos, Mark Rutte.
A CNN transmitirá nesta quinta-feira o primeiro debate presidencial entre o presidente democrata Joe Biden e seu antecessor republicano Donald Trump, ambos quase empatados nas pesquisas para as eleições de novembro.
Durante a campanha, Trump voltou a atacar e disse que deixaria a Rússia fazer "o que tivesse vontade" com os países da Otan que não gastem o suficiente em defesa.
"As críticas do ex-presidente Trump não foram principalmente contra a Otan. Foram contra os aliados da Otan que não gastam o suficiente" em defesa, disse Stoltenberg.
No entanto, "isso agora mudou", com 23 dos 32 países-membros que destinam pelo menos 2% do seu produto interno bruto a gastos militares, assegurou.
Perguntado sobre os riscos de desintegração da Aliança após as eleições americanas e francesas, Stoltenberg afirmou: "Provamos que somos capazes de ser muito resistentes, porque nos interessa permanecer juntos e isso vale tanto para os Estados como para Europa ".
"Foi demonstrado que, na realidade, quando os países têm de escolher (...) entre permanecer na Otan, com a proteção e a segurança que a Otan oferece, ou enfraquecer a Otan e seguir sozinhos, eles escolheram a Otan", enfatizou.
Aconteça o que acontecer no futuro, "espero que [ a Aliança ] permaneça forte", acrescentou.