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Rússia faz ameaça nuclear contra adesão de Suécia e Finlândia à Otan

A possível adesão da Finlândia e da Suécia à aliança militar seria uma das maiores consequências estratégicas europeias da guerra na Ucrânia

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa durante show para comemorar anexação da Crimeia em um estádio de Moscou
 (RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters)

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa durante show para comemorar anexação da Crimeia em um estádio de Moscou (RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de abril de 2022 às 10h05.

Última atualização em 14 de abril de 2022 às 14h17.

Um dos aliados mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin alertou a Otan nesta quinta-feira, 14, que, se a Suécia e a Finlândia aderirem à aliança militar liderada pelos Estados Unidos, a Rússia terá que reforçar suas defesas na região, inclusive com a implantação de armas nucleares no Mar Báltico.

A ameaça veio um dia depois que as autoridades finlandesas sugeriram que o país poderia solicitar a adesão à aliança militar de 30 membros dentro de semanas e a Suécia ponderava fazer um movimento semelhante. Tanto Helsinque quanto Estocolmo são oficialmente não alinhados militarmente, mas estão reconsiderando seu status à luz da invasão da Ucrânia pela Rússia - provocando crescentes alertas da Rússia.

Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que se a Suécia e a Finlândia aderirem à Otan, a Rússia terá que fortalecer suas forças terrestres, navais e aéreas no Mar Báltico.

Medvedev também levantou explicitamente a ameaça nuclear ao dizer que não se pode mais falar de um Báltico "livre de armas nucleares" - onde a Rússia tem seu enclave de Kaliningrado entre a Polônia e a Lituânia. "Não se pode mais falar de nenhum status livre de armas nucleares para o Báltico - o equilíbrio deve ser restaurado", disse Medvedev, que foi presidente de 2008 a 2012.

"Até hoje, a Rússia não tomou tais medidas e não iria", disse Medvedev. "Tome nota que não fomos nós que propusemos isso", acrescentou.

A Lituânia disse que as ameaças da Rússia não eram novidade e que Moscou havia implantado armas nucleares em Kaliningrado muito antes da guerra na Ucrânia.

A possível adesão da Finlândia e da Suécia à aliança militar - fundada em 1949 para fornecer segurança coletiva ocidental contra a União Soviética - seria uma das maiores consequências estratégicas europeias da guerra na Ucrânia.

O ataque da Rússia levou a uma mudança acentuada no sentimento público sobre a adesão à Otan na Finlândia e na Suécia. Medvedev sem citar evidências, atribuiu a mudança aos "esforços de propagandistas locais".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse a repórteres em Bruxelas na semana passada que os dois países atendem aos padrões da Otan para "controle político, democrático e civil sobre as instituições de segurança e as forças armadas".

Se a Finlândia se juntar à Otan, a fronteira terrestre da Rússia com os membros da aliança mais do que duplicaria.

A Finlândia conquistou a independência da Rússia em 1917 e travou duas guerras contra ela durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual perdeu algum território para Moscou. A Finlândia anunciou um exercício militar na Finlândia Ocidental com a participação de forças do Reino Unido, Estados Unidos, Letônia e Estônia.

A Suécia não luta uma guerra há 200 anos e a política externa do pós-guerra se concentrou em apoiar a democracia internacionalmente, o diálogo multilateral e o desarmamento nuclear.

Kaliningrado

Kaliningrado é de particular importância no teatro do norte da Europa. O anterior porto prussiano de Koenigsberg, capital da Prússia Oriental, fica a menos de 1.400 km de Londres e Paris e a 500 km de Berlim. A Rússia disse em 2018 que havia implantado mísseis Iskander em Kaliningrado, que foi capturado pelo Exército Vermelho em abril de 1945 e cedido à União Soviética na conferência de Potsdam.

O Iskander, conhecido como SS-26 Stone pela Otan, é um sistema de mísseis balísticos táticos de curto alcance que pode transportar ogivas convencionais e nucleares. Seu alcance oficial é de 500 km, mas algumas fontes militares ocidentais suspeitam que seu alcance possa ser muito maior.

"Nenhuma pessoa sã quer preços mais altos e impostos mais altos, tensões crescentes ao longo das fronteiras, Iskanders, hipersônicos e navios com armas nucleares literalmente à pouca distância de sua própria casa", disse Medvedev. "Vamos torcer para que o bom senso de nossos vizinhos do norte vença", completou.

O ministro da Defesa da Lituânia, Arvydas Anusauskas, disse que a Rússia havia implantado armas nucleares em Kaliningrado antes mesmo da guerra. "As armas nucleares sempre foram mantidas em Kaliningrado, a comunidade internacional, os países da região estão perfeitamente cientes disso", disse Anusauskas, segundo o BNS. "Eles usam isso como uma ameaça."

A invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro matou milhares de pessoas, deslocou milhões e aumentou o medo de um confronto mais amplo entre a Rússia e os Estados Unidos - de longe as duas maiores potências nucleares do mundo.

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