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Rússia espera que crise não provoque nova Guerra Fria

Porta-voz de Putin afirmou que apesar do "profundo desacordo" com o Ocidente sobre a Ucrânia, o governo da Rússia espera que seja alcançado algum consenso

Homem armado, que se acredita estar a serviço da Rússia, monta guarda no em frente a uma área militar ucraniana na cidade de Sevastopol, na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters)

Homem armado, que se acredita estar a serviço da Rússia, monta guarda no em frente a uma área militar ucraniana na cidade de Sevastopol, na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2014 às 19h10.

Moscou - O porta-voz do presidente Vladimir Putin atacou o Ocidente nesta sexta-feira e defendeu as ações da Rússia na Ucrânia, mas disse esperar que "as divergências extremamente profundas" não conduzam a uma nova Guerra Fria.

As observações, transmitidas na principal TV estatal enquanto Putin presidia a abertura dos Jogos Paralímpicos, pareciam ser parte de um esforço para evitar uma ruptura histórica com o Ocidente, ao mesmo tempo em que o país não cede em nenhum aspecto na disputa sobre a Ucrânia.

O porta-voz Dmitry Peskov disse que "divergências extremamente profundas de natureza conceitual entre a Rússia e a União Europeia e os Estados Unidos já haviam ocorrido antes".

Mas ele acrescentou: "Ainda resta esperança ... de que alguns pontos de concordância possam ser encontrados como resultado do diálogo, o qual os nossos parceiros, graças a Deus, ainda não rejeitaram".

Quando lhe perguntaram se o Oriente e o Ocidente estavam entrando em uma nova Guerra Fria, Peskov respondeu: "Acredito que não começou e gostaria de acreditar que não vai começar".

Peskov disse que os pedidos de conversações entre a Rússia e a Ucrânia, tendo o Ocidente como mediador "nos fazem sorrir". Ele afirmou que os países ocidentais não conseguiram fazer cumprir um acordo de paz firmado entre o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, e seus inimigos, em 21 de fevereiro, e que isso lhes custou a sua credibilidade.


O representante de Putin não se juntou aos diplomatas europeus na assinatura desse acordo, como testemunhas. No entanto, desde a queda de Yanukovich o governo russo vem dizendo que o documento deve ser a base para uma solução da crise iniciada quando em novembro ele rejeitou firmar um pacto comercial com a União Europeia e, em vez disso, se comprometeu a estreitar os laços comerciais com a Rússia.

Com um novo governo pró-ocidental em Kiev, a Rússia assumiu o controle da península da Crimeia e está ameaçando enviar militares em outras partes da Ucrânia se considerar que há uma ameaça para os cidadãos russos ou falantes de russo no leste e sul do país.

"Limpeza"

Peskov disse que o Kremlin não está por trás das iniciativas de líderes na Crimeia, região de maioria étnica russa, de se separarem da Ucrânia e se unirem à Rússia. Mas ele disse que o governo russo teme que haja perseguição étnica se os grupos envolvidos na agitação que levou à derrubada de Yanukovich forem para a Crimeia.

"Uma pessoa não precisa se ​​esforçar muito para imaginar o que vai acontecer se aqueles que estavam por trás do golpe em Kiev alcançarem o leste ou a Crimeia ", disse ele.

"Eu não acho que ele iria parar na pressão sobre os ativistas que se manifestaram contra eles (o novo governo da Crimeia). Eu diria que é mais provável que, no caso da Crimeia, a limpeza iria começar." Num momento em que o mundo e até mesmo os russos se perguntam sobre as intenções de Putin na Ucrânia, Peskov rejeitou a ideia de que a Rússia esteja tentando expandir suas fronteiras, ao dizer: "A apropriação de terras no estilo de séculos passados ​​é impossível".

Atualizado às 19h09min do mesmo dia, para adicionar mais informações.

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