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Rússia enviará tropas para regiões separatistas no leste da Ucrânia

As tropas são direcionadas a Donetsk e Lugansk, que estão em guerra civil desde 2014, mesma época da anexação da Crimeia

Treinamento militar em Kiev, na Ucrânia (Brendan Hoffman/Getty Images)

Treinamento militar em Kiev, na Ucrânia (Brendan Hoffman/Getty Images)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 18h50.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2022 às 22h17.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o envio de tropas a duas regiões separatistas da Ucrânia na região de Donbas.

As tropas, que o governo russo afirma serem para manutenção da paz, são direcionadas a Donetsk e Lugansk, que estão em guerra civil desde 2014, mesma época da anexação da Crimeia. A Rússia tem apoiado separatistas de forma não oficial na região desde então. 

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Ao reconhecer as regiões como independentes, o que aconteceu mais cedo nesta segunda-feira, 21, a Rússia oficializa o apoio direto aos separatistas. Potências do Ocidente afirmam que a medida é ilegal e que as regiões de Donbas são territórios ucranianos.

Horas depois do anúncio de Putin, o presidente americano, Joe Biden, anunciou sanções contra as regiões separatistas.

Há o temor de que a medida seja um primeiro passo antes de uma eventual invasão à Ucrânia, incluindo à capital Kiev. Os Estados Unidos têm afirmado nas últimas semanas que uma invasão é iminente, o que a Rússia nega.

Mais de 100 mil soldados russos estão posicionados na fronteira com a Ucrânia desde o fim do ano passado (número que os EUA suspeitam ter quase dobrado nos últimos dias), enquanto negociações diplomáticas sobre o conflito não têm avançado. 

Sanções

Logo após o anúncio de que a Rússia enviaria tropas às regiões separatistas, os Estados Unidos anunciaram sanções proibindo investimentos e comércio com os dois territórios.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden emitirá uma ordem executiva para "proibir novos investimentos, comércio e financiamento de pessoas dos EUA para, de ou nas chamadas regiões DNR [Donetsk] e LNR [Lugansk] da Ucrânia".

A Ucrânia não faz parte da Otan, aliança militar do Ocidente, de modo que países do grupo não estão obrigados a defender a integridade ucraniana no caso de uma invasão.

A Casa Branca afirmou que o arsenal de possíveis sanções não está esgotado, e que outras medidas também podem ser anunciadas em conjunto com aliados.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram após os desdobramentos em Donbas que apoiam totalmente "a integridade territorial da Ucrânia". O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que o Conselho de Segurança da ONU se reúna em caráter emergencial.

O presidente Joe Biden falará ao telefone com Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz. Mais cedo, Biden também conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e disse que haveria resposta contra as ações russas.

Em meio à escalada das tensões, ao menos dez companhias aéreas já suspenderam voos comerciais para a Ucrânia nos últimos dias.

Desde o fim de janeiro, os Estados Unidos e outros países também têm esvaziado embaixadas em Kiev e solicitado a seus cidadãos que deixem a Ucrânia. Na semana passada, americanos mudaram os diplomatas restantes de Kiev para Lviv, cidade mais ao oeste da Ucrânia e mais distante da fronteira com a Rússia.

Independência da Ucrânia

Ao anunciar o reconhecimento da independência das duas regiões em Donbas nesta tarde, Putin citou não só a relação da Ucrânia com a Otan, mas questionou a própria existência da Ucrânia como república a partir de 1991, quando o país se tornou independente após o fim da União Soviética.

Putin afirmou que a Ucrânia é um país sem tradição de Estado independente e uma criação "artificial" do fundador da União Soviética, Vladimir Lenin. 

Uma possível entrada da Ucrânia na Otan, que chegou a ser ventilada nos anos 2000 e 2010, é um dos motivos das tensões. Putin disse nesta segunda-feira que a Ucrânia é uma ameaça à segurança nacional russa e que, se entrasse na Otan, poderia ser um "trampolim" para um eventual ataque ocidental à Rússia.

A Rússia exige que a Otan pare sua expansão rumo ao leste, não aceite a Ucrânia como membro e que enfraqueça sua posição em países do leste europeu antiga influência soviética que já fazem parte da aliança. 

Antes da anexação da Crimeia e do início dos conflitos separatistas em Donbas em 2014, a Rússia havia ainda atacado a Geórgia em 2008, ex-república soviética que também começava a negociar um ingresso na Otan.

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