Mundo

Rússia ensaia jogos de guerra perto da Ucrânia

País não dá sinais de que irá voltar atrás em seu plano de anexar a região vizinha da Crimeia

Veículos leves de infantaria motorizada russos em uma rua da cidade de Vesyolaya Lopan, no oeste da Rússia (Sergei Khakhalev/Reuters)

Veículos leves de infantaria motorizada russos em uma rua da cidade de Vesyolaya Lopan, no oeste da Rússia (Sergei Khakhalev/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 18h32.

Berlim/Moscou - A Rússia iniciou novos exercícios militares perto de sua fronteira com a Ucrânia nesta quinta-feira e não dá sinais de que irá voltar atrás em seu plano de anexar a região vizinha da Crimeia, apesar de uma iniciativa por sanções mais contundente do que o esperado da União Europeia e dos Estados Unidos.

Em um discurso incomumente robusto e emotivo, a chanceler alemã Angela Merkel alertou para uma "catástrofe" a menos que a Rússia mude de rumo.

"Não o veríamos, como vizinhos da Rússia, como uma ameaça. E não só mudaria o relacionamento da União Europeia com a Rússia", disse ela em um discurso no Parlamento. "Não, isso causaria um dano imenso à Rússia, econômica e politicamente".

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que "uma série de medidas graves" será imposta na segunda-feira pelos Estados Unidos e pela Europa se um referendo na Crimeia pedindo anexação à Rússia acontecer como planejado no domingo.

Merkel, que fala russo fluentemente e cresceu na ex-Alemanha Oriental, emergiu nos últimos dias como figura de proa nas ameaças de ações rígidas contra Moscou.

Seu vice-chanceler, Sigmar Gabriel, membro do Partido Social Democrata (SPD na sigla em alemão), normalmente simpático à Rússia, também usou um tom duro, dizendo que depende do presidente Vladimir Putin decidir se quer voltar à Guerra Fria.

No dia 1º de março Putin declarou que a Rússia tem direito de invadir seu vizinho, quando tropas russas já assumiam o controle da Crimeia, uma península no Mar Negro de etnia majoritariamente russa e que tem uma base naval russa.

O ritmo dos acontecimentos no local foi rápido, talvez assinalando um esforço de Moscou para fazer da anexação um fato consumado antes que o Ocidente pudesse coordenar uma reação.


Homens Armados

Políticos separatistas pró-Moscou, que tomaram o poder na província depois que homens armados ocuparam o Parlamento em 27 de fevereiro, planejam realizar um referendo de união com a Rússia neste domingo. Países ocidentais dizem que a votação é ilegal.

A Rússia ocupou território de seus ex-vizinhos soviéticos no passado sem maiores consequências - a mais recente delas em 2008, quando Putin invadiu a Geórgia e assumiu controle total da regiões rebeldes da Ossétia do Sul e da Abkházia diante de pouca oposição internacional. Mas se Putin esperava uma resposta igualmente morna desta vez, pode ter julgado mal.

Ele parece ter afastado em particular Merkel, a líder ocidental com a qual Putin - que fala de alemão - teve o relacionamento mais estreito no passado.

Inicialmente Merkel foi mais cautelosa do que outros líderes ocidentais na reação à ocupação russa da Crimeia, mas nos últimos dias se destacou como uma das críticas mais severas do Kremlin, pressionando para que a UE equiparasse suas sanções às dos norte-americanos.

O bloco de 28 membros concordou com um esboço para impor proibições de viagem e congelamento de bens de indivíduos e empresas russos, e se espera que implemente a medida e anuncie a lista dos afetados já na segunda-feira, dia posterior ao referendo na Crimeia.

A ação da UE é crucial, porque a Europa faz dez vezes mais negócios com a Rússia do que os EUA, comprando a maioria das exportações de gás e petróleo de Moscou.

Bruxelas tem sido vista por muitos como muito menos inclinada a agir do que Washington, tanto pelos laços econômicos mais estreitos da Europa com a Rússia quanto por causa do laborioso processo decisório do bloco e das divisões internas.

A perspectiva de que as medidas da UE possam ser implementadas já na segunda afetou a economia russa.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaGuerrasRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua