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Rússia aumenta orçamento de defesa em 25% e atinge nível recorde

Gastos com defesa e segurança representarão 40% do orçamento, refletindo a intensificação dos esforços de guerra na Ucrânia

O orçamento militar da Rússia aumentará 25% para o próximo ano. (AFP)

O orçamento militar da Rússia aumentará 25% para o próximo ano. (AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 09h14.

Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 16h40.

A Rússia anunciou um aumento de 25% no seu orçamento de defesa para 2025, alcançando o nível mais alto já registrado, em meio à continuidade dos esforços de guerra do país contra a Ucrânia e à intensificação das tensões com o Ocidente. As informações são do The Guardian.

De acordo com documentos divulgados pelo parlamento russo na segunda-feira, 30, o orçamento de defesa previsto para 2025 será de 13,5 trilhões de rublos (aproximadamente R$ 73 bilhões), superando em 3 trilhões de rublos (cerca de R$ 174 bilhões) o valor destinado neste ano, que já havia sido um recorde anterior.

O orçamento do país demonstra uma mudança significativa de prioridades, com 40% do total dos gastos do governo destinados à defesa e segurança, o equivalente a 41,5 trilhões de rublos. Economistas têm descrito essa política como uma forma de "keynesianismo militar", onde o aumento significativo nos gastos militares tem sustentado a guerra na Ucrânia, além de estimular o consumo e impulsionar a inflação interna.

Em contraste, as despesas sociais devem ser reduzidas em 16%, caindo de 7,7 trilhões de rublos em 2024 para 6,5 trilhões em 2025, de acordo com os dados preliminares do orçamento. Isso reflete a mudança de foco do Kremlin em prol do setor militar.

Preocupação internacional

O aumento dos investimentos militares da Rússia preocupa países europeus e planejadores da OTAN, que têm alertado sobre a capacidade russa de manter um conflito prolongado. Enquanto isso, a Ucrânia enfrenta incertezas quanto ao nível de apoio futuro de seus aliados internacionais.

Putin, por sua vez, reforça a confiança de Moscou no sucesso de sua estratégia militar. Em declarações recentes, o presidente russo afirmou que todos os objetivos da operação militar serão alcançados. Ele também tem adotado uma postura mais rígida, exigindo a rendição incondicional da Ucrânia e defendendo a desmilitarização do país.

Efeitos econômicos

Apesar da confiança demonstrada por Putin, a perspectiva econômica de longo prazo da Rússia é mais sombria do que antes da invasão. Embora o país tenha redirecionado seu comércio para a China e outros mercados, além de recorrer a mecanismos para contornar sanções, a falta de acesso direto às economias e tecnologias ocidentais continua sendo um grande desafio.

A expansão dos gastos militares na Rússia também tem pressionado a economia doméstica, elevando a inflação e levando o banco central a aumentar as taxas de juros. Além disso, o país enfrenta uma escassez de mão de obra, agravada pela mobilização de recursos para sustentar as operações militares.

Esse cenário levanta preocupações sobre a sustentabilidade econômica a longo prazo da política de guerra de Putin, especialmente diante dos desafios econômicos internos que o país enfrenta.

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