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Rússia afirma ter prendido supostos autores do ataque que deixou mais de 100 mortos em Moscou

Quatro pessoas foram detidas na região de Bryansk, na fronteira com a Ucrânia e Belarus

A sala de concertos Crocus City Hall em chamas após um ataque, 22 de março de 2024 em Krasnogorsk, um subúrbio de Moscou. (AFP/AFP)

A sala de concertos Crocus City Hall em chamas após um ataque, 22 de março de 2024 em Krasnogorsk, um subúrbio de Moscou. (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 23 de março de 2024 às 12h16.

O Kremlin anunciou neste sábado (23) que prendeu onze pessoas, incluindo "quatro" agressores, um dia depois do ataque que deixou pelo menos 115 mortos em uma sala de concertos em Moscou, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O diretor dos serviços de segurança russos (FSB) "informou" o presidente Vladimir Putin da "detenção de 11 pessoas, incluindo os quatro terroristas diretamente envolvidos no atentado", afirmou a Presidência russa em um comunicado.

As quatro pessoas foram detidas na região de Bryansk, na fronteira com a Ucrânia e Belarus, informou o Comitê de Investigação Russo, competente neste tipo de crimes.

O ataque aconteceu na sexta-feira, antes de um concerto do grupo de rock russo Piknik, em uma sala de concertos do Crocus City Hall, em Krasnogorsk, um subúrbio a noroeste de Moscou.

O FSB disse que os suspeitos tinham "contatos" na Ucrânia, para onde planejavam fugir após o ataque, o mais mortal desde meados dos anos 2000 e que foi condenado pela comunidade internacional.

As autoridades russas não apresentaram qualquer prova deste suposto vínculo nem forneceram detalhes sobre a sua natureza.

O assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak desmentiu a acusação da Rússia e escreveu na rede social X que "as versões dos serviços especiais russos sobre a Ucrânia são absolutamente insustentáveis e absurdas".

O grupo jihadista EI, que a Rússia combate na Síria e que atua no Cáucaso russo, assumiu na sexta-feira a responsabilidade pelo ataque e afirmou que o seu comando retornou "em segurança à sua base".

As autoridades de Moscou não comentaram esta afirmação e Putin ainda não apareceu em público. Não é a primeira vez que o EI ataca o país.

O número de mortos subiu para 115 neste sábado, embora se espere que "aumente", segundo o Comitê de Investigação Russo. O Ministério de Situações de Emergência informou, por sua vez, que uma centena de pessoas permanecem hospitalizadas.

De acordo com os primeiros elementos da investigação, as pessoas morreram por "ferimentos de bala" e por inalar a fumaça do incêndio que deflagrou após o ataque, indicou o Comitê.

Os agressores, disseram os investigadores, usaram "armas automáticas" e incendiaram o prédio com um "líquido inflamável".

"Rajadas de metralhadoras"

A mídia russa começou a noticiar o ataque por volta das 20h15 (14h15 no horário de Brasília).

"Pouco antes do início [do show], ouvimos rajadas de metralhadoras e o grito terrível de uma mulher. E depois muitos gritos", disse à AFP Alexei, um produtor musical que estava nos camarins.

Jornalistas da AFP viram fumaça preta subindo do telhado na sexta-feira. As chamas tomaram conta de quase 13 mil m2 do edifício antes que os bombeiros conseguissem contê-las, segundo os serviços de resgate.

Embora o grupo EI tenha reivindicado a responsabilidade pelo ataque, permanecem inúmeras questões.

Os Estados Unidos garantiram na sexta-feira ter avisado a Rússia, no início de março, sobre um possível ataque "terrorista" em um local de Moscou com "grandes concentrações" de pessoas, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional em Washington, Adrienne Watson.

Na terça-feira, Putin rejeitou os avisos como "provocativos".

De acordo com a imprensa russa e o deputado Alexander Khinstein, alguns suspeitos são do Tadjiquistão, uma ex-república soviética de maioria muçulmana localizada no nordeste do Afeganistão.

As autoridades deste país da Ásia Central garantem, no entanto, que não "receberam informações das autoridades russas sobre as informações falsas que circulam atualmente sobre o envolvimento de cidadãos tadjiques".

Desde a sua independência em 1991, o Tadjiquistão enfrenta uma multiplicidade de movimentos islamistas armados.

As redes de notícias Baza e Mash, próximas das forças de segurança, publicaram vídeos no Telegram nos quais pelo menos dois homens armados são vistos avançando pelo salão do complexo de Moscou.

Em outras sequências, aparecem corpos e grupos de pessoas são vistos correndo em direção à saída.

A polícia e as forças especiais russas permanecem posicionadas neste sábado em frente ao complexo incendiado, onde centenas de equipes de resgate recolhiam os escombros em busca de mais vítimas.

As buscas levarão "vários dias", informou o governador da região de Moscou, Andrei Vorobyov.

Pela manhã, longas filas de espera se formaram em frente a alguns centros de doação de sangue em Moscou, segundo imagens da mídia estatal russa. Cartazes com a inscrição "Estamos de luto 22/03/2024" também apareceram em alguns pontos de ônibus.

Vários eventos públicos foram cancelados no país, onde as medidas de segurança também foram reforçadas.

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