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Rushdie: redes sociais teriam aumentado o perigo da fatwa

"Não havia e-mail, mensagens de texto, Facebook, Twitter, Web e, por isso, o ataque foi limitado", declarou o autor de "Os Versos Satânicos"


	O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie: radicais do Irã pediram sua morte por supostamente blasfemar contra o Islã e o profeta Maomé em seu livro
 (Johannes Eisele/AFP)

O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie: radicais do Irã pediram sua morte por supostamente blasfemar contra o Islã e o profeta Maomé em seu livro (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2012 às 13h12.

Berlim - O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie afirmou nesta segunda-feira que se a sentença de morte islâmica (fatwa) lançada contra ele por ter escrito o livro "Os Versos Satânicos" tivesse ocorrido na era das redes sociais, aumentaria ainda mais o perigo.

O escritor, que está em Berlim para promover seu novo livro sobre a década que passou escondido, disse que a campanha contra o livro publicado em 1998, foi "muito eficiente e muito internacional", usando apenas telefones e faxes.

"Não havia e-mail, mensagens de texto, Facebook, Twitter, Web e, por isso, o ataque foi limitado", declarou em entrevista coletiva.

"Quando todo mundo pode saber tudo instantaneamente, é possível mobilizar as pessoas contra um livro muito mais rápido e por isso é mais perigoso agora", acrescentou.

Rushdie também atacou o que chamou de "cultura da não ofensa", dizendo que era um absurdo e ameaçava a liberdade de expressão proibir trabalhos, porque há pessoas que podem se sentir ofendidas.

"Essa ideia de que de alguma forma podemos exigir viver em um mundo onde nada nos ofenda, é absurda", disse o escrito de 65 anos.

Seu livro de memórias, de mais de 600 páginas e intitulado "Joseph Anton", nome utilizado por ele enquanto esteve escondido, foi escrito em terceira pessoa e foi publicado no mês passado, ao mesmo tempo que se produziam protestos mortais contra o filme produzido nos Estados Unidos que sacudiram o mundo muçulmano.

"Vivemos em um tempo em que há esta cultura de nenhuma ofensa. Todos os tipos de pessoas, não apenas radicais islâmicos, usam esse argumento como uma maneira de atacar outros discursos", disse.

Já se passaram 23 anos desde que Rushdie tornou-se alvo de uma fatwa iraniana, que pediu sua morte por supostamente blasfemar contra o Islã e o profeta Maomé em seu livro "Os Versos Satânicos".

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