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RSF acusa Trump de promover "caça às bruxas" contra jornalistas

Para a organização Repórteres Sem Fronteiras, o presidente americano utiliza o descrédito aos meios de comunicação como sua "arma preferida"

Donald Trump: segundo o relatório, isso não acontece apenas com Trump (Yuri Gripas/Reuters)

Donald Trump: segundo o relatório, isso não acontece apenas com Trump (Yuri Gripas/Reuters)

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EFE

Publicado em 26 de abril de 2017 às 14h48.

Paris - A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos precipitou em todo o mundo "uma caça às bruxas" contra os jornalistas, diz o último relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgado nesta quarta-feira.

"As críticas repetidas de Donald Trump qualificando o quarto poder (a imprensa) e seus representantes entre 'os seres humanos mais desonestos do mundo' por divulgarem 'notícias falsas', pôs fim a uma longa tradição americana de luta pela liberdade de informação", diz o relatório.

Na lista da liberdade de imprensa elaborada pela RSF os Estados Unidos caíram para a posição 43, depois que foram classificados em 41ª em 2016, dentro do grupo com "situação satisfatória", imediatamente atrás de Burkina Fasso e à frente de Comores, Taiwan e Romênia.

"O discurso de ódio utilizado pelo novo chefe da Casa Branca e suas acusações de mentiras ajudaram a desinibir os ataques contra os meios de comunicação em todos os países do mundo, inclusive nos países democráticos", diz o relatório da RSF.

Para esta ONG, os grupos e as pessoas declaradas antissistema, como o próprio Trump, utilizam o descrédito aos meios de comunicação como sua "arma preferida".

Mas isto não acontece apenas com Trump, segundo o relatório, que indicou que no Reino Unido, durante a campanha pelo "Brexit", o então líder do partido xenofóbico UKIP, Nigel Farage, fez do ataque à imprensa o pilar fundamental de sua campanha.

Na Itália, o líder do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Grillo, disse que preferia se manifestar em seu blog antes de responder a "perguntas fastidiosas" da "raça" jornalística, e pediu a criação de um "júri popular para determinar a veracidade das informações publicadas pelos jornalistas".

Tudo isso tornou, segundo o relatório da RSF, os ataques à liberdade de imprensa muito mais intensos neste último ano que nos anteriores. No entanto, a ONG fez questão de enfatizar "que esta deterioração não é algo novo".

No total, 180 países estão incluídos no índice sobre liberdade de imprensa elaborado pela RSF de acordo com indicadores que avaliam o pluralismo, a independência dos meios, o marco legislativo e a segurança para os jornalistas fazerem seu trabalho.

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