Rouhani alerta Guarda Revolucionária a não interferir em eleição
A Guarda raramente é criticada em público, mas Rouhani está em uma corrida inesperadamente disputada com Ebrahim Raisi, que se acredita ter seu apoio
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2017 às 17h12.
Beirute - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, exortou nesta quarta-feira a poderosa Guarda Revolucionária e a milícia Basij sob seu controle a não interferirem na eleição presidencial de sexta-feira, um alerta raro que enfatiza as tensões políticas crescentes.
A Guarda, que supervisiona um império econômico de bilhões de dólares, raramente é criticada em público, mas o pragmático Rouhani está em uma corrida inesperadamente disputada com o clérigo linha-dura Ebrahim Raisi, que se acredita ter o apoio da Guarda.
"Só temos um pedido: que a Basij e a Guarda Revolucionária fiquem em seus próprios lugares para fazer seu próprio trabalho", disse Rouhani durante um discurso de campanha na cidade de Mashad, de acordo com a Agência de Notícias Trabalhista Iraniana (Ilna, na sigla em inglês).
Rouhani reforçou seu apelo ao dizer que o falecido aiatolá Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica, alertou as forças armadas a não interferirem na política.
As suspeitas de que a Guarda Revolucionária e a milícia Basij fraudaram os resultados da eleição de 2009 a favor de Mahmoud Ahmadinejad desencadearam protestos em todo o país à época. Dezenas de pessoas foram mortas e centenas foram presas, segundo grupos de direitos humanos, durante os maiores distúrbios da história do país persa.
O líder supremo aiatolá Ali Khamenei, a maior autoridade iraniana, disse nesta quarta-feira que manter a segurança é uma das maiores preocupações na eleição. Ele ainda criticou a retórica acalorada da campanha, que classificou como "indigna" - uma repreensão velada a Rouhani, que busca um segundo mandato de quatro anos.
Rouhani, de 68 anos, e Raisi, um protegido de 56 anos do líder supremo, trocaram acusações de corrupção e brutalidade ao vivo na televisão com uma veemência jamais vista na história de quase 40 anos da República Islâmica.
Raisi acusou Rouhani de ser corrupto e de administrar mal a economia. Rouhani, que quer abrir o Irã ao Ocidente e aliviar as restrições sociais dentro do país, respondeu acusando Raisi, que serviu no Judiciário por vários anos, de violações de direitos humanos. Ambos negam as acusações.