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Roubini: a Grécia precisa dar calote e sair do euro

Em artigo para o Financial Times, economista que previu crise de 2008 diz que o “divórcio” entre o país e o euro será doloroso, mas é a melhor saída

Roubini diz que há três caminhos para a Grécia, e nenhum é possível sem desvalorização da moeda (Evan Kafka/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 09h54.

São Paulo – Parece que o "doutor Apocalipse" desistiu da Grécia. Em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, o economista Nouriel Roubini, conhecido por ser um dos primeiros a prever a crise mundial de 2008, disse que o país deveria optar pelo calote de sua dívida. E mais, que a melhor coisa para os gregos é sair da zona do euro.

O economista diz que a Grécia se encontra em um círculo vicioso de insolvência, baixa competitividade e depressão econômica cada vez mais profunda. A dívida pública, que nem um “pacote draconiano de austeridade” consegue resolver, chega perto dos 200% do PIB do país. “Para escapar, a Grécia precisa iniciar um calote organizado, voluntariamente sair do euro e voltar à dracma”, escreveu.

Roubini diz ainda que o acordo entre a Grécia e a União Europeia foi insuficiente para aliviar o sufoco da dívida pública do país. “Se você olhar para além dos números vai ver que a ajuda chega perto do zero. A melhor opção atualmente seria rejeitar o acordo e, sob ameaça de calote, tentar renegociar um melhor”, disse o economista.

De acordo com ele, mesmo que a ajuda oferecida pelo bloco econômico fosse suficiente, ainda seria preciso restaurar a competitividade da Grécia para que o país voltasse a crescer sem novos problemas com a dívida pública. Ele aponta três caminhos para isso, porém, em todos, é preciso haver desvalorização da moeda.


A primeira alternativa é um agudo enfraquecimento do euro. Inviável, segundo o próprio Roubini, pois traria graves consequências a economias ainda fracas, como a dos Estados Unidos. Um segundo caminho seria reduzir os custos do trabalho e da produção, além de fazer reformas estruturais para garantir o aumento da produtividade. Também não é uma boa opção. “A Alemanha levou 10 anos para se recuperar por esta via. A Grécia não pode esperar 10 anos em recessão”, afirma Roubini.

A terceira opção que o economista aponta é uma rápida deflação dos salários e preços. “Mas isto levaria no mínimo cinco anos de uma depressão profunda. Logicamente, portanto, se as três opções não são possíveis, o único caminho é sair. Um retorno à moeda nacional e uma aguda depreciação restauraria rapidamente a competitividade e o crescimento, como fez a Argentina e muitos outros mercados emergentes.”

Fácil? Nem um pouco. Segundo Roubini, este processo seria traumático não apenas para a Grécia, mas para a zona do euro, que sofreria sérias perdas financeiras. Ainda assim, o economista considera os problemas “gerenciáveis”, e menos dolorosos do que a continuidade dos problemas.

“Como em um casamento falido que requer um divórcio, é melhor haver regras que garantam uma separação boa para ambos os lados. Ruptura e separação são processos dolorosos e custosos, mesmo quando estas regras existem. Não se engane: uma saída ordenada do euro será dura. Mas assistir à lenta e desordenada implosão da economia e da sociedade da Grécia será ainda pior”, diz.

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São Paulo – Parece que o "doutor Apocalipse" desistiu da Grécia. Em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, o economista Nouriel Roubini, conhecido por ser um dos primeiros a prever a crise mundial de 2008, disse que o país deveria optar pelo calote de sua dívida. E mais, que a melhor coisa para os gregos é sair da zona do euro.

O economista diz que a Grécia se encontra em um círculo vicioso de insolvência, baixa competitividade e depressão econômica cada vez mais profunda. A dívida pública, que nem um “pacote draconiano de austeridade” consegue resolver, chega perto dos 200% do PIB do país. “Para escapar, a Grécia precisa iniciar um calote organizado, voluntariamente sair do euro e voltar à dracma”, escreveu.

Roubini diz ainda que o acordo entre a Grécia e a União Europeia foi insuficiente para aliviar o sufoco da dívida pública do país. “Se você olhar para além dos números vai ver que a ajuda chega perto do zero. A melhor opção atualmente seria rejeitar o acordo e, sob ameaça de calote, tentar renegociar um melhor”, disse o economista.

De acordo com ele, mesmo que a ajuda oferecida pelo bloco econômico fosse suficiente, ainda seria preciso restaurar a competitividade da Grécia para que o país voltasse a crescer sem novos problemas com a dívida pública. Ele aponta três caminhos para isso, porém, em todos, é preciso haver desvalorização da moeda.


A primeira alternativa é um agudo enfraquecimento do euro. Inviável, segundo o próprio Roubini, pois traria graves consequências a economias ainda fracas, como a dos Estados Unidos. Um segundo caminho seria reduzir os custos do trabalho e da produção, além de fazer reformas estruturais para garantir o aumento da produtividade. Também não é uma boa opção. “A Alemanha levou 10 anos para se recuperar por esta via. A Grécia não pode esperar 10 anos em recessão”, afirma Roubini.

A terceira opção que o economista aponta é uma rápida deflação dos salários e preços. “Mas isto levaria no mínimo cinco anos de uma depressão profunda. Logicamente, portanto, se as três opções não são possíveis, o único caminho é sair. Um retorno à moeda nacional e uma aguda depreciação restauraria rapidamente a competitividade e o crescimento, como fez a Argentina e muitos outros mercados emergentes.”

Fácil? Nem um pouco. Segundo Roubini, este processo seria traumático não apenas para a Grécia, mas para a zona do euro, que sofreria sérias perdas financeiras. Ainda assim, o economista considera os problemas “gerenciáveis”, e menos dolorosos do que a continuidade dos problemas.

“Como em um casamento falido que requer um divórcio, é melhor haver regras que garantam uma separação boa para ambos os lados. Ruptura e separação são processos dolorosos e custosos, mesmo quando estas regras existem. Não se engane: uma saída ordenada do euro será dura. Mas assistir à lenta e desordenada implosão da economia e da sociedade da Grécia será ainda pior”, diz.

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