''Essa conduta é depreciável. É algo que trai nosso interesse nacional'', disse Romney (©AFP / Nicholas Kamm)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2012 às 22h03.
Washington - O candidato virtual republicano à Presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, responsabilizou nesta terça-feira o líder Barack Obama pelos recentes vazamentos de dados secretos e que, segundo sua opinião, põem em risco a segurança das tropas americanas.
Durante um discurso no fórum de veteranos em Reno (Nevada), Romney acusou o governo Obama de vazar dados secretos à imprensa na busca de uma vantagem política, e pediu uma investigação ''completa e rápida''.
Romney citou relatos de que o primeiro secretário de Defesa de Obama, Robert Gates, exigiu que membros da Casa Branca ''se calassem'' e parassem de divulgar dados secretos, alguns relacionados com o ataque no Paquistão em maio de 2011 que causou a morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.
''A vida de funcionários homens e mulheres está em jogo. Surpreendentemente, o governo não conseguiu mudar a situação, e mais operações secretas vazaram, inclusive algumas envolvendo uma ação secreta no Irã'', denunciou Romney, na 113ª convenção anual do grupo Veteranos de Guerras Estrangeiras (VFW, na sigla em inglês), uma das maiores e mais antigas organizações de veteranos dos EUA.
Obama discursou no mesmo fórum ontem, quando defendeu suas conquistas em matéria de defesa e segurança nacional, incluindo o fim de duas guerras, a morte de Bin Laden, e medidas para melhorar o bem-estar dos militares e de suas famílias.
O presidente americano acusou os republicanos de não conseguir um acordo para evitar os cortes massivos no orçamento federal, incluindo fundos do Pentágono a partir de 1º de janeiro.
Afastando-se de seu usual enfoque na economia, Romney atacou Obama diretamente a respeito dos vazamentos, no momento em que ambos disputam ativamente o voto dos veteranos de guerra, um bloco que correspondeu a 15% do eleitorado em 2008 e é peça-chave em estados como Virgínia, Colorado, Flórida, Carolina do Norte e Ohio.
''Essa conduta é depreciável. É algo que trai nosso interesse nacional, e compromete nossos homens e mulheres no terreno. Merece uma plena e pronta investigação de um promotor especial, com explicações e consequências'', ressaltou Romney.
''Quem tiver divulgado informações secretas à imprensa, buscando vantagem política para o governo, deve ser exposto, despedido e punido. Acabou o tempo da demora'', enfatizou.
O Departamento de Justiça já designou dois promotores federais para liderar as investigações, mas alguns republicanos exigem um promotor especial que atue com independência jurídica.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, reagiu aos ataques de Romney, ao afirmar que Obama não tolera vazamentos de informação.
''O presidente deixou bastante claro que não tem tolerância alguma para vazamentos e acredita que eles prejudicam nossos interesses de segurança nacional'', ressaltou Carney aos jornalistas que acompanham Obama em sua viagem pela costa Oeste do país.
A campanha de reeleição de Obama considerou que Romney recorreu a ''ataques baixos'' que ''carecem de credibilidade'', em vez de explicar com clareza sua política externa.
Romney se baseou em declarações que a democrata Dianne Feinstein, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, deu em um fórum ontem, alegando que, em sua opinião, a Casa Branca é parcialmente responsável pelos vazamentos.
No entanto, Dianne deixou claro que Obama, que recebe diariamente relatórios de inteligência, não foi a fonte dos vazamentos.
Hoje, em comunicado, a democrata se retratou de seus comentários diante do Conselho de Assuntos Mundiais.
''Eu disse que não achava que o presidente havia vazado informações secretas. Não deveria ter especulado mais do que isso, porque o fato é que não sei quem foi a fonte dos vazamentos'', disse Dianne, ao lamentar que Romney tenha usado seus comentários contra Obama.
Em seu discurso para os veteranos, Romney criticou os possíveis cortes adicionais de US$ 500 bilhões ao Pentágono a partir de janeiro, se o Congresso não chegar a um acordo para evitá-los.
O pré-candidato também atacou a gestão econômica de Obama e sua liderança mundial, incluindo sua ''flexibilidade'' em relação aos russos, e seu tratamento a Israel ''como se nosso aliado mais estreito no Oriente Médio fosse o problema''.
''O povo de Israel merece algo melhor do que recebeu do líder do mundo livre'', opinou Romney, que hoje mesmo partirá em sua primeira viagem internacional rumo a Inglaterra, Polônia e Israel.
Além disso, prometeu que, se ganhar a eleição em novembro, ele enfrentará as ''armadilhas'' comerciais da China, e a ameaça nuclear do Irã.
''Prometo que se me tornar comandante-chefe, usarei todos os meios necessários para proteger os EUA e a região, e para evitar que ocorra o pior enquanto ainda é tempo'', disse.
Além de disputar o voto dos veteranos, tanto Romney quanto Obama participaram de atos de arrecadação de fundos, a menos de quatro meses das eleições.