O acordo nuclear assinado em 2015 é um acordo importante para o Irã e para a União Europeia, disse Rohani (Lisi Niesner/Reuters)
EFE
Publicado em 4 de julho de 2018 às 11h17.
Viena - O presidente do Irã, Hassan Rohani, garantiu nesta quarta-feira que Teerã não deixará o acordo nuclear multilateral apesar da saída recente dos Estados Unidos, desde que os outros países signatários garantam que a República Islâmica poderá tirar proveito do pacto.
"Dentro do possível, vamos nos manter no acordo", disse Rohani em entrevista coletiva em Viena, na Áustria, depois de se reunir com o presidente deste país, Alexander van der Bellen.
O chamado "Plano de Ação Integral Conjunta" (JCPOA, na sigla em inglês), assinado em 2015 por Irã, EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, é "um acordo importante para o Irã e para a União Europeia (UE)", ressaltou o líder iraniano.
A decisão dos Estados Unidos de abandoná-lo, anunciada em maio do ano passado, "vai contra as leis internacionais, contra as resoluções das Nações Unidas e contra as obrigações multilaterais", criticou Rohani.
Além disso, o líder iraniano afirmou que esse "passo estranho" dado por Washington vai contra os próprios interesses dos Estados Unidos e acabará prejudicando a maior potência mundial.
O Irã cumprirá com os compromissos adquiridos no JCPOA, "sob a condição de que possa se beneficiar dele", insistiu Rohani.
Para conseguir esse objetivo, o líder iraniano ressaltou a necessidade de que "os outros signatários, além dos EUA, possam garantir os interesses" da República Islâmica.
Segundo Rohani, até agora "todos os outros países (signatários do acordo) mostraram uma forte vontade política" nesse sentido.
"Esperamos que no que diz respeito às relações comerciais e econômicas (com o Irã), atuem com a mesma determinação (...) Se há problemas, poderemos solucioná-los juntos", concluiu o presidente iraniano.
Van der Bellen, por sua vez, disse que "a Áustria e a UE continuarão favorecendo a manutenção" do acordo nuclear por considerá-lo "um elemento-chave na não propagação de armas atômicas".
Além disso, o presidente austríaco ressaltou que seu país "lamenta" não só a retirada dos EUA, mas também as sanções contra Teerã anunciadas por Washington, não só as diretas, mas também as secundárias que violam o direito internacional por sua aplicação extraterritorial".
O futuro do acordo nuclear iraniano, assinado há três anos em Viena, será abordado nesta sexta-feira em uma reunião ministerial dos países signatários, exceto os Estados Unidos, confirmou nesta quarta-feira o Serviço Europeu de Ação Exterior.
O encontro será presidido pela representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Federica Mogherini, e deve contar com a presença dos ministros das Relações Exteriores dos países signatários.