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"Robert, o preguiçoso", alimenta debate na Dinamarca

Apelidado de "Robert, o preguiçoso", um dinamarquês que depende há 10 anos da assistência social alimenta debate sobre os limites do bem-estar social

Robert Nielsen, em um programa de TV: Robert vende camisas com a frase "Desempregado e orgulhoso" (Jeppe Bjoern Vejloe/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2013 às 12h44.

Copenhague - Apelidado de "Robert, o preguiçoso", um dinamarquês que depende há 10 anos da assistência social e vende camisas com a frase "Desempregado e orgulhoso" alimenta o debate em seu país sobre os limites do bem-estar social.

Robert Nielsen, de 45 anos, recebeu seu apelido após aparecer em um programa de televisão no ano passado explicando que preferia viver dos benefícios do governo a trabalhar em um emprego que não considere conveniente.

"Eu nunca acreditei na ideia equivocada de que você precisa de um emprego para ter uma boa vida", disse à AFP.

"Eu me considero um intelectual. Então, eu obviamente gostaria de ter um emprego onde pudesse usar o que eu sei sobre o mundo", acrescenta.

Seus aforismos abalaram o orgulho nacional, no momento em que jornalistas e intelectuais de direita acusam o generoso sistema de previdência de tornar toda a população muito indolente.

A chefe de governo social-democrata Helle Thorning-Schmidt reagiu ao elogio da dependência.

"Vamos rever todas as nossas medidas para o emprego. E se existem pessoas como Robert o preguiçoso vamos exigir mais delas", declarou logo após o debate que fez de Robert uma celebridade.

A Dinamarca precisou, de fato, reduzir a cobertura social, atingida por uma grave crise imobiliária em 2007-2009, e pela estagnação econômica desde 2010.

Mas continua a ser um país onde a maioria dos funcionários deixam os seus empregos às 16h00 e os desempregados têm direito a 80% do seu salário anterior por dois anos. O desemprego também é relativamente baixo (5,6%).

Por 12 anos, Robert Nielsen prestou serviços para uma empresa de construção e trabalhou no McDonalds, mas nunca por muito tempo, antes de retornar ao desemprego.

"Eles esperam demais das pessoas", disse ele sobre a de fast food.


Ele estudou Ciências Sociais e Filosofia "alguns anos", tentou aprender mandarim por um trimestre e fez seis meses de trabalho voluntário na Zâmbia. Mas ele nunca se formou em um curso superior.

"Infelizmente, eu não tenho a papelada para mostrar o que eu sei", resume.

A situação não o desagrada. Mas não pergunte a ele o que aconteceria se todo o mundo o imitasse.

"É uma pergunta ridícula e eu não gosto de responder. Nas prisões e nos jornais, há um monte de pessoas que você pode apontar o dedo e dizer: como a Dinamarca funcionaria se todos mundo fosse como eles?", argumenta.

"Nem todos são como eu sou. Nunca serão", garante.

"Trabalhar o menos possível"

O trabalho não é moralmente superior ao ócio.

"Ser dinamarquês é suficiente para obter comida, abrigo e roupa para vestir", argumenta.

"Depois disso, 95% das pessoas vão dizer que gostariam ter uma casa, um carro, uma segunda casa e passar as férias em Londres ou em Ibiza. É por isso que trabalham. Ninguém trabalha para o bem da sociedade", diz.

Em junho, um estudo do centro de pesquisa dinamarquês Cepos, considerado liberal, concluiu que um Estado do bem-estar social generoso não só reduz a motivação dos indivíduos para encontrar trabalho, mas também o seu entusiasmo quando eles têm um emprego.

"Quanto mais o Estado é generoso, menos o indivíduo trabalha duro", garante um dos autores, Casper Hunnerup Dahl, para quem a Dinamarca pode criar uma geração "que prefere trabalhar o menos possível".

Impenetrável às críticas, "Robert o preguiçoso" tira proveito da fama.

Ele mantém um site onde vende camisas com inscrições irônicas como "Mantenha o seu trabalho de merda".

Ele ainda pretende se lançar na política. "As pessoas veem que eu tenho um senso de humor e eu faço a minha parte do trabalho na ilha", comenta.

Ele aparece nos anúncios de uma marca de suplementos nutricionais contra a fadiga.

"Agora o meu cansaço desapareceu completamente", diz ele em outdoors.

Ele não depende mais da ajuda social. "Eu, na verdade, tenho menos dinheiro do que quando estava vivendo com os subsídios", lamenta, no entanto.

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Robert Nielsen, de 45 anos, recebeu seu apelido após aparecer em um programa de televisão no ano passado explicando que preferia viver dos benefícios do governo a trabalhar em um emprego que não considere conveniente.

"Eu nunca acreditei na ideia equivocada de que você precisa de um emprego para ter uma boa vida", disse à AFP.

"Eu me considero um intelectual. Então, eu obviamente gostaria de ter um emprego onde pudesse usar o que eu sei sobre o mundo", acrescenta.

Seus aforismos abalaram o orgulho nacional, no momento em que jornalistas e intelectuais de direita acusam o generoso sistema de previdência de tornar toda a população muito indolente.

A chefe de governo social-democrata Helle Thorning-Schmidt reagiu ao elogio da dependência.

"Vamos rever todas as nossas medidas para o emprego. E se existem pessoas como Robert o preguiçoso vamos exigir mais delas", declarou logo após o debate que fez de Robert uma celebridade.

A Dinamarca precisou, de fato, reduzir a cobertura social, atingida por uma grave crise imobiliária em 2007-2009, e pela estagnação econômica desde 2010.

Mas continua a ser um país onde a maioria dos funcionários deixam os seus empregos às 16h00 e os desempregados têm direito a 80% do seu salário anterior por dois anos. O desemprego também é relativamente baixo (5,6%).

Por 12 anos, Robert Nielsen prestou serviços para uma empresa de construção e trabalhou no McDonalds, mas nunca por muito tempo, antes de retornar ao desemprego.

"Eles esperam demais das pessoas", disse ele sobre a de fast food.


Ele estudou Ciências Sociais e Filosofia "alguns anos", tentou aprender mandarim por um trimestre e fez seis meses de trabalho voluntário na Zâmbia. Mas ele nunca se formou em um curso superior.

"Infelizmente, eu não tenho a papelada para mostrar o que eu sei", resume.

A situação não o desagrada. Mas não pergunte a ele o que aconteceria se todo o mundo o imitasse.

"É uma pergunta ridícula e eu não gosto de responder. Nas prisões e nos jornais, há um monte de pessoas que você pode apontar o dedo e dizer: como a Dinamarca funcionaria se todos mundo fosse como eles?", argumenta.

"Nem todos são como eu sou. Nunca serão", garante.

"Trabalhar o menos possível"

O trabalho não é moralmente superior ao ócio.

"Ser dinamarquês é suficiente para obter comida, abrigo e roupa para vestir", argumenta.

"Depois disso, 95% das pessoas vão dizer que gostariam ter uma casa, um carro, uma segunda casa e passar as férias em Londres ou em Ibiza. É por isso que trabalham. Ninguém trabalha para o bem da sociedade", diz.

Em junho, um estudo do centro de pesquisa dinamarquês Cepos, considerado liberal, concluiu que um Estado do bem-estar social generoso não só reduz a motivação dos indivíduos para encontrar trabalho, mas também o seu entusiasmo quando eles têm um emprego.

"Quanto mais o Estado é generoso, menos o indivíduo trabalha duro", garante um dos autores, Casper Hunnerup Dahl, para quem a Dinamarca pode criar uma geração "que prefere trabalhar o menos possível".

Impenetrável às críticas, "Robert o preguiçoso" tira proveito da fama.

Ele mantém um site onde vende camisas com inscrições irônicas como "Mantenha o seu trabalho de merda".

Ele ainda pretende se lançar na política. "As pessoas veem que eu tenho um senso de humor e eu faço a minha parte do trabalho na ilha", comenta.

Ele aparece nos anúncios de uma marca de suplementos nutricionais contra a fadiga.

"Agora o meu cansaço desapareceu completamente", diz ele em outdoors.

Ele não depende mais da ajuda social. "Eu, na verdade, tenho menos dinheiro do que quando estava vivendo com os subsídios", lamenta, no entanto.

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