Rivais, mas nem tanto: pacote dos EUA vai gerar US$ 60 bi para China
Após o pacote trilionário aprovado no Congresso dos EUA, aumento da demanda e consumo vai beneficiar as exportações chinesas, apesar da guerra comercial
Bloomberg
Publicado em 27 de março de 2021 às 08h01.
Última atualização em 27 de março de 2021 às 11h04.
David Ni espera um ótimo ano para seu negócio de rodas de automóveis na China , graças ao impulso de US$ 1,9 trilhão do presidente Joe Biden à economia dos Estados Unidos.
Com os cheques de estímulo de US$ 1,4 mil, “a demanda nos EUA está galopante”, disse Ni, cuja empresa Jiangsu Siborui Import and Export, com sede em Nanjing, compra rodas de liga de alumínio de alta qualidade de produtores chineses para vendê-las a varejistas nos EUA.
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“Os cidadãos recebem o dinheiro e começam a fazer compras”, disse, prevendo que as vendas aumentarão mais de 30% este ano.
O pacote fiscal dos EUA terá enorme impacto na economia global, especialmente na China, maior exportadora mundial. Cerca de US$ 360 bilhões do pacote de estímulo serão gastos com importações, de acordo com a Allianz, e as exportações chinesas devem aumentar em US$ 60 bilhões entre 2021-2022, conforme os americanos comprem computadores, equipamentos domésticos e roupas.
Mas também significa aumento dos preços para produtos feitos na China, que já começaram a subir, e um possível agravamento das tensões com os EUA em relação aos desequilíbrios comerciais.
Embora Canadá e México vejam o maior impacto em relação ao tamanho de suas economias, o pacote de estímulo poderia aumentar o PIB da China em 0,5% no próximo ano, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A Bloomberg Economics estima que um aumento de 1% na demanda dos EUA acrescenta cerca de 0,08% ao PIB da China.
Com isso, a economia poderia se expandir 9% este ano, segundo o UBS, que elevou a previsão para o crescimento das exportações da China em 2021 para 16% em comparação com 3,6% no ano passado. O aumento das exportações daria às empresas espaço para gastar na expansão da capacidade, permitindo à China manter altos níveis de investimento, mesmo com a desaceleração dos gastos do estado em infraestrutura, segundo a economista-chefe para China, Wang Tao.