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Risco de bloqueio político após vitória republicana nos EUA

Especialistas veem dificuldade nos avanços quanto à regulamentação financeira

Outro desafio que Obama deve enfrentar agora é a taxação de emissão de gases (Getty Images)

Outro desafio que Obama deve enfrentar agora é a taxação de emissão de gases (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2010 às 10h34.

Washington - A vitória dos republicanos, que na terça-feira conseguiram arrebatar dos democratas a maioria na Câmara de Representantes, pode provocar uma situação de bloqueio político em Washington no que diz respeito à regulamentação financeira, o que pode provocar consequências desastrosas para a economia americana.

O resultado das eleições de meio mandato pode, por outro lado, ser um alívio para as empresas, que desejam escapar das novas obrigações financeiras e alegam que o zelo regulador democrata dos últimos dois anos ocasionou um desestímulo de investimentos e contratações.

"A maioria dos investidores acredita que um impasse em Washington será benéfico para os mercados", afirmou Gina Martin Adams, estrategista do banco Wells Fargo.

Caso os republicanos não consigam revogar leis como a reforma da saúde ou a reforma de Wall Street, podem travar a aplicação dos projetos.

Além disso, a forte oposição dos republicanos a taxar as emissões de gases que provocam o efeito estufa pode ser uma boa notícia para as indústrias do setor de energia, já que a nova maioria na Câmara de Representantes pode impedir a aprovação de um plano para instaurar um sistema de direito de emissões baseado no modelo europeu.

No entanto, enquanto a economia ainda está em recuperação depois de atravessar a pior crise desde os anos 30, as empresas sempre têm necessidade de ajuda estatal para uma recuperação completa, lembram os analistas.


"A administração deve decidir sobre o destino das reduções de impostos fixadas por Bush até o fim do ano", explica o cientista político Sean West, do grupo Eurasia. O programa de redução de impostos do ex-presidente republicano expira em 2011.

"Muitas decisões serão necessárias no próximo ano sobre toda uma série de problemas, e um bloqueio será provavelmente a pior das soluções", antecipou West.

Os partidos Democrata e Republicano não conseguiram chegar a um acordo para suspender a redução de impostos para os ricos.

Para Barack Obama, um país afetado por déficits não pode ser permitir-se reduzir os impostos dos milionários. Os adversários políticos, no entanto, afirmam que limitar as reduções pode comprometer a recuperação.

"Os mercados podem preferir um novo plano de recuperação, mas nos arriscamos a não ter um no próximo ano se acontecer um bloqueio político", comentou West.

"A economia é muito frágil para resistir a um bloqueio no Congresso", afirmou Ryan Sweet, especialista da Moody's Analyitics.

Para Sweet, a economia pode sofrer com a incapacidade dos congressistas eleitos de reduzir a dívida.

"Os aumentos de impostos e menos cortes nos gastos serão necessários no final, mas não em 2011, a recuperação ainda será muito frágil para resistir a um aperto dos cintos", destacou.

As empresas são, no entanto, otimistas em certos pontos, como a respeito da assinatura de acordos de livre comércio com Coreia do Sul, Colômbia e Panamá. Analistas também acreditam em uma reforma da educação e em um rápido compromisso sobre os impostos.

Um indicador importante permite apostar que outros fatores podem ter influência.

"Historicamente, o ano seguinte às eleições de meio de mandato é favorável aos mercados", recordaram os analistas da Fidelity Investments.

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