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Risco de ataques na posse de Trump preocupa segurança

Depois que extremistas atropelaram dezenas de pessoas com caminhões na Europa, os EUA estão tomando medidas para evitar um incidente semelhante

Donald Trump: os últimos anos mostraram que o país é mais vulnerável a ataques planejados e executados por pessoas que moram no país (Getty Images)

Donald Trump: os últimos anos mostraram que o país é mais vulnerável a ataques planejados e executados por pessoas que moram no país (Getty Images)

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AFP

Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 14h26.

Atacantes que agem sozinhos, conhecidos como "lobos solitários", caminhões usados como armas e drones armados são considerados riscos significativos pelas agências que devem garantir a segurança das cerca de um milhão de pessoas que devem se reunir sexta-feira em Washington para a posse de Donald Trump.

Depois que tunisianos inspirados no extremismo islâmico atropelaram dezenas de pessoas na Europa em dois ataques com caminhões contra multidões no ano passado, o governo está tomando medidas especiais para evitar um incidente semelhante na capital dos Estados Unidos.

Embora Washington esteja constantemente em alerta contra conspirações organizadas pelo Estado Islâmico ou pela Al Qaeda, os últimos anos mostraram que o país é mais vulnerável a ataques planejados e executados por pessoas que moram no país, que se inspiram em extremistas no exterior mas não são dirigidas por eles.

"Não sabemos de nenhuma ameaça específica provável" para a posse, disse a jornalistas o secretário de Segurança Interna, Jeh Johnson, em uma instalação no oeste da capital onde quase 50 agências americanas vão coordenar a segurança do evento.

Ainda assim, "o ambiente terrorista global é muito diferente até mesmo de 2013", quando o presidente Barack Obama assumiu seu segundo mandato, afirmou.

"Temos de nos preocupar com o extremismo violento interno, o extremismo violento nascido em casa, os atos de auto-radicalização", acrescentou Johnson.

Eventos muito expostos

Cerca de 28.000 funcionários de Segurança - incluindo membros do Serviço Secreto, da Guarda Nacional, do FBI e da polícia regional - serão mobilizados para os eventos, disse Johnson.

O dia começará com uma visita ao Cemitério Nacional de Arlington, seguida da cerimônia de posse, de uma carreata e de várias celebrações, antes de terminar, no dia seguinte, com um serviço de oração na Catedral Nacional.

Alguns dos eventos serão muito expostos, especialmente a tomada de posse, que contará com a presença do presidente que entregará o cargo e do que o assumirá, de ex-presidentes e de altos funcionários do governo e do Congresso, na frente oeste do edifício do Capitólio.

As autoridades serão protegidas por um vidro à prova de balas, e os telhados próximos serão patrulhados por franco-atiradores. O FBI terá detectores de substâncias químicas e biológicas e de radiação em toda a área.

O desfile tradicional pela Avenida Pensilvânia, do Capitólio à Casa Branca, também representa um desafio de segurança.

Em 1977, o então presidente Jimmy Carter surpreendeu o país ao percorrer a pé os quase dois quilômetros do trajeto.

Desde então, a maioria dos novos presidentes caminhou apenas por um trecho - o que ainda é arriscado do ponto de vista do Serviço Secreto, encarregado de proteger a família presidencial.

99 grupos de protesto

Os serviços de segurança esperam entre 700.000 e 900.000 pessoas presentes, incluindo manifestantes de ao menos 99 grupos que organizam protestos, disse Johnson.

Uma área de sete quilômetros quadrados no centro de Washington será fechada para veículos, e aqueles que entrem a pé serão revistados.

Os participantes serão autorizados a levar apenas seus telefones celulares, câmeras e carteiras. A longa lista de itens proibidos inclui aerossóis, balões, bicicletas, objetos de vidro, ponteiros laser, pacotes aleatórios e, claro, qualquer tipo de arma.

Será permitido levar pequenas bolsas, mas não mochilas. Em abril de 2013, dois irmãos chechenos colocaram mochilas com bombas caseiras na linha de chegada da Maratona de Boston, matando três pessoas.

Somente cartazes de protesto muito pequenos serão permitidos, mas sem bastões para segurá-los. Grupos de manifestantes que poderiam entrar em conflito uns com os outros serão colocados em áreas distantes, disseram autoridades.

As agências de segurança estão seguindo os grupos nas redes sociais, e haverá policiais à paisana nas multidões.

Ameaças de caminhões e drones

O risco de ataques terroristas com caminhões ou outros veículos grandes contra multidões representa uma preocupação em particular desde a última posse, disse Johnson.

Em julho do ano passado, 86 pessoas que comemoravam o Dia da Bastilha na cidade francesa de Nice morreram quando um extremista tunisiano inspirado pelo grupo radical Estado Islâmico arremeteu um caminhão contra a multidão.

Em dezembro, um ataque similar em uma feira de Natal em Berlim, reivindicado pelo Estado Islâmico, deixou 12 mortos.

As autoridades vão posicionar caminhões carregados de cimento, caminhões basculantes, ônibus e outros veículos pesados para evitar tais incidentes, disse Johnson.

"Essa é uma precaução que estamos tratando com atenção redobrada nesta posse", acrescentou.

Os drones, hoje mais baratos e acessíveis, também representam um novo risco. Eles estão proibidos nos céus de Washington por medidas de segurança, disse a autoridade.

"É algo para o qual nos planejamos, e há tecnologia para lidar com isso", acrescentou.

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