Mundo

Repressão policial deixa três mortos no noroeste da Nicarágua

Três jovens foram mortos no povoado indígena de Sutiaba, em meio aos protestos para exigir a saída do governo do presidente Daniel Ortega

Nicarágua: protestos já deixaram 220 mortos no país (Jorge Cabrera/Reuters)

Nicarágua: protestos já deixaram 220 mortos no país (Jorge Cabrera/Reuters)

A

AFP

Publicado em 5 de julho de 2018 às 20h35.

Uma violenta ação de policiais e grupos armados ligados ao governo matou ao menos três jovens nesta quinta-feira no povoado indígena de Sutiaba, na região da cidade de León, em meio aos protestos para exigir a saída do governo do presidente Daniel Ortega.

As vítimas foram identificadas como Dany López, de 21 anos, Junior Núñez, 22, e Alex Vázquez, 24, os três mortos a tiros quando as forças do governo entraram em Sutiaba para remover um bloqueio de estrada, disse à AFP o padre Víctor Morales, da igreja de Sutiaba.

Em mais de dois meses, os protestos já deixaram 220 mortos na Nicarágua, segundo organismos de defesa dos Direitos Humanos.

"Há muita tensão e já confirmamos ao menos três mortos", declarou o religioso.

Após a retirada das barricadas, Núñez e Vázquez "se refugiaram em casa", onde foram mortos pela polícia, contou Morales.

"Dany se dirigia para seu trabalho quando começaram as explosões. Ele ia de bicicleta e neste momento houve um tiroteio que ocorreu do lado paramilitar (...). Me informaram que tomou um tiro", disse à AFP um parente da vítima.

Uma equipe da AFP no local viu caminhonetes da polícia de choque e homens encapuzados patrulhando as ruas de Sutiaba, enquanto escavadeiras removiam as barricadas.

A repressão policial e paramilitar em Sutiaba também deixou 22 feridos e 14 detidos, incluindo um menino de 12 anos e os jornalistas Elmer Estrada e Ausberto Solís, da Rádio Darío de León, segundo manifestantes.

"Atacaram para remover as barricadas mantidas pelos manifestantes. A polícia permanece em Sutiaba. A população está com medo, dentro de suas casas. Há policiais com armas", revelou o padre Morales.

Vizinhos de Sutiaba narraram momentos de terror com a entrada das forças do governo na comunidade de população indígena.

"Fiquei fechada em minha casa, depois corri para o fundo do pátio e quase que as balas me atingem. É horrível o que estamos vivendo na Nicarágua. Alguém precisa nos ajudar, nos apoiar", declarou Angela Núñez, 70 anos.

A polícia deteve várias pessoas em León, e não apenas quem estava nas barricadas, mas também gente tirada de suas casas, de maneira arbitrária e sem ordem judicial, revelou uma moradora de Sutiaba.

O confronto em Sutiaba é mais um episódio de violência na Nicarágua, que enfrenta protestos em várias cidades - como Manágua e Masaya - desde o dia 18 de abril.

Em meio à violência, os bispos católicos que mediam o diálogo entre governo e oposição convocaram uma nova sessão de conversações para a segunda-feira, em Manágua, após duas semanas de estancamento.

A onda de protestos começou com uma manifestação contra a reforma da Previdência, mas logo passou a exigir a saída do presidente Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 72 anos no poder desde 2007.

Os detratores de Ortega o acusam de instaurar uma ditadura marcada pela corrupção e o nepotismo.

Acompanhe tudo sobre:MortesNicaráguaProtestos no mundoViolência policial

Mais de Mundo

Há chance real de guerra da Ucrânia acabar em 2025, diz líder da Conferência de Segurança de Munique

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana