Refugiados nigerianos: Médicos Sem Fronteiras denunciou uma "emergência humanitária catastrófica" (Philippe Desmazes/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2016 às 18h42.
A organização internacional Médicos Sem Fronteiras denunciou, nesta quinta-feira (22) uma "emergência humanitária catastrófica" no estado de Borno, no nordeste Nigéria.
Segundo informações do MSF, pelo menos 188 pessoas morreram desde o dia 23 de maio, principalmente por causa de fome e diarreia. Cerca de 24 mil pessoas, incluindo 15 mil crianças vivem no campo para deslocados internos, que fogem principalmente da violência do grupo extremista Boko Haram.
Durante uma visita ao local, a equipe do MSF encontrou, em uma unidade de saúde mantida pela organização em Maiduguri, pelo menos 16 crianças sofrendo de desnutrição severa. O quadro, no entanto, é muito mais preocupante: uma avaliação nutricional feita em mais de 800 crianças mostrou que 19% sofrem de desnutrição severa aguda - o pior tipo de desnutrição.
"Nós estamos tratando as crianças desnutridas em unidades médicas em Maiduguri e vemos o trauma nos rostos dos nossos pacientes, que sobreviveram e testemunharam tantos horrores", afirma Ghada Hatim, chefe da missão no país.
Em alguns dias, mais de 30 pessoas morreram no campo, que fica em Bama, a apenas 70 km da capital do estado, mas que é foco de intensos combates entre rebeldes e tropas do governo, o que torna a curta viagem muito insegura. Entre os dias 13 e 15 deste mês o MSF, em parceria com outras organizações, conseguiu levar 1.192 pacientes para a cidade.
Os refugiados de Bama estão entre 1,8 milhão de nigerianos que foram forçados a deixar suas casas, mas que seguem vivendo na Nigéria. Segundo a ONU, pelo menos 155 mil pessoas deixaram a Nigéria em busca de abrigo em outros países.