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'Recebo ameaças de morte', diz criador do WikiLeaks

Em entrevista ao jornal espanhol 'El País', Julian Assange volta a dizer que é vítima de campanha de descrédito

Julian Assange: criador, editor e porta-voz do WikiLeaks, site que tem por objetivo divulgar documentos secretos de governos, organizações e empresas (Dan Kitwood/Getty)

Julian Assange: criador, editor e porta-voz do WikiLeaks, site que tem por objetivo divulgar documentos secretos de governos, organizações e empresas (Dan Kitwood/Getty)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2010 às 19h36.

Em sua primeira entrevista desde a libertação da prisão, na última quinta-feira, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou que recebe ameaças de morte "a toda hora" e que teme por sua segurança, caso volte à detenção. Ele disse que a "campanha de descrédito" empreendida contra ele criou "uma caixa-preta que impede que o mundo saiba a verdade" sobre as acusações de crimes sexuais que pesam contra ele na Suécia - e que o levaram à prisão na Grã-Bretanha.

O hacker afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só o apoiou porque está deixando o poder. As declarações foram publicadas nesta segunda-feira pelo jornal espanhol El País. "Meu advogado é ameaçado, meus filhos são ameaçados. A maioria (das ameaças) parece vir de membros das Forças Armadas norte-americana", disse. O australiano contou ainda detalhes de sua detenção em Londres.

Ele teria sido transferido para uma solitária porque corria risco de vida. Disse que ficou na mesma ala de pedófilos. Reclamou também da burocracia da instituição: pôde fazer apenas quatro ligações, excetuando-se chamadas para seus advogados, desde o dia em que foi preso - 7 de dezembro. Ele acrescentou também que perdeu um dente ao morder um objeto metálico misturado à sua comida. O dente foi guardado em um papel, mas teria sumido depois de Assange deixou a cela. "Em breve estará à venda no eBay", provocou o australiano, alegando que aquela seria uma tentativa de apagar registros do ocorrido.

Questionado sobre as acusações de abuso sexual contra duas mulheres, ele voltou a afirmar que é vítima de uma campanha de difamação. No entanto, se recusou a dizer quem seria o responsável pela ação - nem mesmo os Estados Unidos, principal alvo do vazamento dos mais de 250.000 documentos diplomáticos promovido pelo WikiLeaks. "Não quero dizer que é fruto de um conjunto de ordens de Hillary Clinton, isso é ridículo. As coisas não funcionam assim no mundo real, que é muito mais interessante e sutil", disse, referindo-se à secretária de Estado americana.

Lula – Assange agradeceu os líderes que o apoiaram durante o episódio de prisão, mas afirmou que Lula só o fez porque "já não deve mais nada aos Estados Unidos". E arrematou: "Lula é um caso especial. Ele já vai sair do poder, isso permite que seja mais direto”. No último dia 9, o presidente brasileiro criticou a prisão do hacker, classificando-a de um “cerceamento à liberdade de expressão na internet."

O criador do WikiLeaks aguarda uma nova audiência diante da Justiça britânica, marcada para o dia 11 de janeiro, quando será avaliado o pedido de extradição das autoridades suecas. Ele foi libertado na última quinta-feira sob pagamento de fiança e permanece em liberdade condicional. Por isso, é obrigado a usar dispositivos eletrônicos de localização e tem de se apresentar diariamente à polícia londrina.

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