EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2013 às 20h00.
Na véspera de uma reunião do grupo de Amigos da Síria em Doha para discutir a ajuda aos rebeldes sírios, o Exército Sírio Livre (ESL) indicou ter recebido recentemente dos países que apoiam a oposição uma certa quantidade de armas modernas que podem mudar o curso da batalha contra as tropas do regime.
Louai Moqdad, coordenador político e de comunicação do ESL, também afirmou que a rebelião espera que o grupo dos Amigos da Síria anuncie oficialmente a decisão de armar os rebeldes.
Os ministros das Relações Exteriores de onze países do grupo de Amigos da Síria -França, Reino Unido, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Turquia e Egito- devem discutir a possibilidade de organizar a conferência de paz "Genebra 2", organizada por Moscou e Washington.
"Na manhã de sábado, em Doha, tentaremos avaliar a situação no terreno e ver como podemos ajudar a Coalizão (de oposição) e pensar em um solução política", declarou o chanceler francês Laurent Fabius, que descartou na quinta fornecer armas "que logo poderiam ser usadas contra ela".
Após alertar para o risco de uma "catástrofe humanitária", se os rebeldes não receberem armas pesadas para proteger as áreas civis, o porta-voz do ESL indicou que seu movimento recebeu "algumas armas modernas, algumas que havíamos pedido e que acreditamos que podem mudar o rumo da batalha no terreno".
"Começamos a distribuí-las nas frentes de batalha, e elas logo estarão nas mãos de oficiais profissionais e de combatentes", afirmou Moqdad.
Ele recordou que a rebelião pediu um "arsenal dissuasivo".
"Trata-se de armas anti-aéreas e antitanques, assim como munições", acrescentou, sem mais precisões.
Na véspera, já havia mencionado mísseis terra-ar de curto alcance MANPAD, mísseis antitanques, morteiros e munições.
"Algumas armas já chegaram, outras devem chegar aos poucos, nos próximos dias", ressaltou Moqdad.
"Estas armas serão utilizadas com o único objetivo de combater o regime de Bashar al-Assad", afirmou o porta-voz.
"Elas serão reunidas após a queda do regime, nós assumimos esse compromisso com os países irmãos e amigos" que nos forneceram armas, prosseguiu Moqdad.
Esse anúncio foi feito na véspera de uma reunião do grupo de Amigos da Síria em Doha para coordenar a ajuda, incluindo militar, à oposição.
"Estamos otimistas porque a comunidade internacional finalmente decidiu proteger o povo sírio e os civis sírios e de armar o ESL", afirmou Moqdad.
Ele declarou que a rebelião espera "um anúncio claro e oficial pelos países participantes (da reunião em Doha) sobre armar o ESL". "É o que nós esperamos".
"Esperamos que esses países continuem a respeitar seus compromissos", prosseguiu, sem mencionar os países "amigos e irmãos" que lhes forneceram armas.
"Temos informações que nos próximos dias iremos receber novos carregamentos de armas que irão mudar o curso da batalha e a equação da morte imposta por Bashar al-Assad", ressaltou.
Questionado sobre a presença do chefe de Estado-Maior do ESL, o general Sélim Idriss, na conferência de Doha, Moqdad respondeu que "até o momento, nossa presença não é necessária" porque "todos os países estão cientes das demandas claras da oposição após os vários encontros com o general Idriss".
A rebelião exige armas pesadas para proteger as zonas civis de ataques do regime.
Em São Petersburgo, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta sexta o Ocidente para o perigo de fornecer armas à oposição síria, ao afirmar que cerca de 600 russos e europeus lutam aos lado dos rebeldes na Síria.
"Por que fornecer armas a grupo armados clandestinos na Síria, se não entendemos bem de quantos combatentes estão compostos? (...) Onde vão acabar estas armas?", ressaltou o presidente russo.
A União Europeia suspendeu em maio o embargo ao fornecimento de armas destinadas aos rebeldes sírios, enquanto Washington anunciou na semana passada uma "ajuda militar" aos insurgentes, sem indicar sua natureza.
Até o momento, os países ocidentais estão reticentes em fornecer armas aos rebeldes por medo que caiam nas mãos de extremistas como a Frente jihadista Al-Nusra.
Mas o avanço do Exército sírio, apoiado pelo Hezbollah xiita libanês, e a reconquista pelo regime do reduto rebelde de Qousseir na fronteira com o Líbano, convenceram esses países a reverem seus planos.
No terreno, o Exército sírio bombeava nesta sexta o bairro de Qaboun, no leste da capital, onde muitos rebeldes resistem, indicou uma ONG síria.
Desde quarta-feira, as tropas tentam acabar com os bolsões rebeldes em Damasco, principalmente no nordeste da capital e em suas imediações.
"O Exército retomou nesta manhã o bombardeio de Qaboun e combates intensos entre soldados e rebeldes eram travados em torno desse setor", indica o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"As forças do regime atacam a área com morteiros, tanques e artilharia pesada", acrescentou esta ONG com sede no Reino Unido que se baseia em uma ampla rede de militantes e médicos.
Na maior cidade do norte, Aleppo, o Exército bombardeava vários bairros, incluindo o de Cheikh Maksoud (norte), e combates deixaram pelo menos dois rebeldes mortos no de Souleimane al-Halabi, de acordo com o OSDH.