Mundo

Rebeldes pró-Rússia desafiam Putin e mantêm referendo

Na quarta-feira, Putin suavizou seu tom sobre a Ucrânia, ao pedir um adiamento do referendo separatista


	Protesto em Donetsk: "O referendo acontecerá em 11 de maio", afirmou líder dos separatistas
 (Gleb Garanich/Reuters)

Protesto em Donetsk: "O referendo acontecerá em 11 de maio", afirmou líder dos separatistas (Gleb Garanich/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 20h32.

Os rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia decidiram nesta quinta-feira manter seu polêmico referendo separatista, desafiando o apelo do presidente Vladimir Putin para adiá-lo visando uma solução para a crise.

"O referendo acontecerá em 11 de maio", afirmou à AFP Denis Puchilin, líder dos separatistas da república autoproclamada de Donetsk. Uma porta-voz dos insurgentes em Slaviansk também confirmou a consulta na cidade.

Na vizinha região de Lugansk, uma decisão similar foi adotada por "unanimidade", informou a agência Interfax, citando um porta-voz do "Exército do sudeste".

A porta-voz do serviço diplomático da União Europeia (UE), Maja Kocijancic, reagiu afirmando que "a celebração deste tipo de consulta não terá nenhuma legitimidade democrática e apenas agravará a situação, o que aumentará a tensão".

"Reiteramos o pedido a todas as partes para que apliquem o acordo de Genebra", completou.

Na quarta-feira, Putin suavizou seu tom sobre a Ucrânia, ao pedir um adiamento do referendo separatista, após se reunir em Moscou com o presidente da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), o suíço Didier Burkhalter.

Putin propôs um cenário de "diálogo" que previa a paralisação da operação militar ucraniana no sudeste do país em troca do adiamento do referendo.

Mas Kiev qualificou nesta quinta-feira a proposta russa de "piada" e assinalou que, "apesar do aparente gesto de boa vontade, o conteúdo e a retórica empregados pelo Kremlin não têm nada a ver com a busca real de uma solução" para a crise.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusado na quarta-feira o presidente russo de "vender fumaça".

Antes da decisão dos separatistas de manter o referendo, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano, Andrei Parubi, já havia anunciado que a "operação antiterrorista" continuaria "independentemente das decisões dos grupos subversivos ou terroristas da região de Donetsk".

As autoridades de Kiev não reconhecem este projeto de "referendo terrorista", segundo o ministério das Relações Exteriores, que recordou que Moscou mencionou um cenário similar na Crimeia.

Esta península do Mar Negro foi anexada à Rússia no mês de março, depois de celebrar uma consulta de independência da Ucrânia.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank Walter Steinmeier, destacou o "tom construtivo" utilizado por Putin e disse que a diplomacia ainda tem uma oportunidade para "evitar uma nova escalada da violência".

Ao comentar o outro anúncio de Putin sobre a retirada das tropas da fronteira com a Ucrânia, os países ocidentais demonstraram ceticismo.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que não havia "nenhum sinal" de retirada.

Em Moscou, o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, afirmou que as capacidades nucleares da Rússia em terra, mar e ar estavam em "alerta constante".

Ao mesmo tempo, a Rússia teria executado vários testes de mísseis balísticos supervisionados por Putin, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental a partir da base de Plesetsk (norte da Rússia), segundo agências russas.

Surpresa para os insurgentes

Os rebeldes pró-Moscou foram surpreendidos na quarta-feira pela proposta inesperada de Putin de adiar o referendo.

Em Donetsk, região na fronteira com a Rússia, várias pessoas se reuniram nesta quinta-feira na prefeitura, ocupada desde meados de abril pelos separatistas.

Em Slaviansk, outro reduto rebelde, foram registrados combates na periferia da cidade durante a madrugada.

As autoridades ucranianas iniciaram na sexta-feira da semana passada uma operação militar para retomar o controle da região, o que provocou dezenas de mortes.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaEleiçõesPolíticosUcrâniaVladimir Putin

Mais de Mundo

Netanyahu oferece quase R$ 30 milhões por cada refém libertado que permanece em Gaza

Trump escolhe Howard Lutnick como secretário de Comércio

Ocidente busca escalada, diz Lavrov após 1º ataque com mísseis dos EUA na Rússia

Biden se reúne com Lula e promete financiar expansão de fibra óptica no Brasil