Mundo

Reabertura de escolas japonesas expõe drama dos órfãos do tsunami

O terremoto de Kobe, em 1995, deixou 100 órfãos. O governo japonês estima que agora haverá muitos mais

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de março de 2011 às 19h59.

RikuzentakataO drama dos órfãos do terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março, catástrofe que deixou pelo menos 27.000 mortos e desaparecidos no nordeste do Japão, marcará a volta às aulas nas escolas de todo o país, na semana que vem.

Na cidade costeira de Rikuzentakata, 2.300 pessoas - 10% da população - morreu ou desapareceu varrida pela onda gigante, que deixou mais de 50 crianças órfãs, explica o prefeito, Futoshi Toba.

A nível nacional, o terremoto de magnitude 9 seguido por um devastador tsunami deixou mais de 27.000 mortos e feridos, de acordo com as últimas estimativas. Neste momento, as autoridades ainda são incapazes de estabelecer um número total de vítimas - e também não sabe quantas crianças perderam os pais.

Esta semana, o governo japonês decidiu criar um grupo de trabalho para lidar diretamente com este problema.

O terremoto de Kobe, em 1995, deixou mais de 100 órfãos, segundo o governo japonês. Mas "a recente catástrofe provocou danos muito maiores, e achamos que muito mais crianças perderam seus pais", lamentou o ministério da Saúde.

Os gêmeos Naho e Takahashi, de 13 anos de idade, têm certeza de que seus pais morreram, ao contrário de outras crianças, que vivem a tortura de não saber o que aconteceu com a família.

"Soubemos da morte de mamãe no dia 12 de março, e da de papai, no dia 14", conta a adolescente, que deve voltar à escola na próxima semana.

A casa da família foi destruída por uma enorme onda, que chegou a 23 metros de altura. Com exceção de Chakko, sua cachorrinha de estimação, restou pouco a estes dois órfãos para lembrar da vida que levavam antes da tragédia.


"Estou feliz por ela ter sobrevivido", diz Naho, acariciando a cabeça do animal, que o pai conseguiu deixar em um lugar seguro antes de retornar à cidade em busca da mulher, que se refugiara em um centro poliesportivo acreditando estar a salvo do tsunami.

Depois que as ondas destruíram as barreiras construídas para proteger Rikuzentakata, transformando-a em um irreconhecível monte de destroços, Naho e Takahashi passaram uma noite gélida e cheia de angústia dentro do colégio onde estudam, ao lado de centenas de sobreviventes.

A professora de dança de Naho, que percebeu a situação, encarregou-se dos dois adolescentes.

"Eu também dei aulas de dança para o pai dela, conhecia-os desde que eram pequenos. Quando os vi na escola foi terrível demais, e então eu os levei para a minha casa", explicou Shimizu Kiwako, de 74 anos.

"O que eles estão vivendo é muito triste, e eu estou preocupada com os dois", indicou. "Uma tia mora em Tóquio e ainda não falamos sobre seu futuro, mas o faremos quando ela vier aqui".

Naho diz que deseja voltar a morar em Rikuzentakata depois que a cidade for reconstruída.

"Eu sempre vivi aqui, desde que era pequena. Quero ficar, mas irei morar onde puder", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDesastres naturaisJapãoPaíses ricosTerremotosTsunami

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia