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Quem é Nicolás Maduro, presidente da Venezuela há 11 anos que tenta reeleição

No domingo, 28, ele enfrenta Edmundo Gonzáles, candidato da oposição que aparece na frente nas pesquisas

Publicado em 26 de julho de 2024 às 15h11.

Última atualização em 26 de julho de 2024 às 15h51.

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Neste fim de semana, o mundo volta os olhos para a Venezuela de Nicolás Maduro para saber se o atual governante seguirá no poder para o seu terceiro mandato de seis anos ou se deixará o Palácio de Miraflores depois de 11 anos, dando lugar ao seu opositor Edmundo Gonzáles Urrutia, diplomata de 74 anos inscrito no último minuto para representar María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas impedida de concorrer por uma inabilitação política.

As eleições marcadas para 28 de julho serão observadas atentamente pela comunidade internacional, uma vez que a democracia e o sistema eleitoral venezuelano perderam a credibilidade nos últimos dez anos, desde que o sucessor de Hugo Chávez se tornou presidente.

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Quem é Nicolás Maduro?

De família pobre, foi motorista de ônibus e começou a ganhar visibilidade local ao se envolver na militância sindical da categoria na década de 1990. Foi quando ingressou no Movimiento Bolivariano Revolucionario 200, o MBR-200 e conheceu Hugo Chávez.

A aproximação com Chavéz surgiu depois de Maduro participar ativamente dos protestos que pediam a libertação do político e outros militares, depois que ele e seu grupo foram presos por tentar dar um golpe no então presidente Carlos Pérez, em 1992.

Maduro foi um dos responsáveis pela fundação do Movimiento Quinta República (MVR), partido que lançou Hugo Chávez como candidato à Presidência em 1998 e pelo qual foi eleito para seu primeiro cargo público para a Câmara dos Deputados da Venezuela.

Quando Hugo Chávez foi eleito para o quarto mandato consecutivo em 2012, depois de se eleger em 1998, 2002 e 2006, Maduro foi nomeado vice-presidente. Em 2013, assumiu a Presidêcia, na sequência do falecimento de Chávez, 5 de março daquele ano, em Cuba, onde tratava um câncer.

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Governo de Nicolás Maduro

Durante o governo de Nicolás Maduro, manifestações maciças foram duramente reprimidas em 2014 e 2017 pelos militares e pela polícia. A Corte Internacional de Justiça abriu uma investigação por crimes contra a humanidade contra o seu governo pela repressão de 2017, que deixou centenas de mortos.

O político também soube manobrar entre uma bateria de sanções internacionais após a sua reeleição em 2018, boicotada pela oposição e não reconhecida por 50 países.

Em seu mandato, se acentuou a crise econômica sem precedentes no país de quase 30 milhões de habitantes, com um PIB que caiu 80% em dez anos e quatro anos consecutivos de hiperinflação.

Mesmo com escândalos de corrupção e supostos ataques, Maduro continua na cadeira presidencial, "indestrutível", como diz o lema de sua animação "Super Bigote", que o representa na TV estatal como um super-herói que luta contra monstros e vilões do Estados Unidos e a oposição venezuelana.

Agora na campanha ele se autodenomina "gallo pinto", uma raça pura e de briga, para parecer forte contra o físico franzino de González Urrutia. 

O presidente disse que as Forças Armadas estão ao seu lado e mencionou a possibilidade de um levante militar caso a oposição vença.

Marxista, cristão e bolivariano

Intransigente em seu discurso "anti-imperialista", Maduro soube, no entanto, negociar com Washington. Obteve o levantamento parcial das sanções americanas em 2022, revertido após a ratificação, em janeiro deste ano, da inabilitação de Machado para concorrer às eleições.

Ele conseguiu que os Estados Unidos libertassem dois sobrinhos de sua esposa, condenados por tráfico de drogas, e o empresário Alex Saab, acusado de ser seu laranja e processado na Flórida por lavagem de dinheiro.

Longe do ateísmo que por definição acompanha o marxismo, Maduro procurou aproximações religiosas, especialmente com a Igreja Evangélica, e seu bloco eleitoral. "Não são páreos para mim nem para vocês porque Cristo está conosco", disse o presidente, que se define como "marxista", "cristão" e "bolivariano".

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