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Quem causa mais? Bolsonaro e Trump falam na ONU

O presidente brasileiro abre a Assembleia Geral com discurso que deve ter forte teor nacionalista; Trump deve tratar de Irã, China e Ucrânia

Bolsonaro e Trump: ambos presidentes discursam nesta terça-feira (Andrew Harrer/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2019 às 06h58.

Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 10h28.

São Paulo — Oito dias após receber alta de sua quarta cirurgia pós-facada, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa hoje na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O presidente deve subir ao púlpito por volta das 10h para um discurso que deve durar 20 minutos.

O texto foi elaborado por ele e por um grupo de assessores: Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores e Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República.

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Espera-se um discurso de forte tom nacionalista, com defesa da soberania do Brasil em relação à Amazônia e de tentar desfazer a imagem ruim do governo. O presidente também deve aproveitar a oportunidade para apresentar dados que coloquem as queimadas na floresta em perspectiva — a ver que dados usará.

A fala deve mostrar também a agenda de desenvolvimento “sustentável” do Brasil, com forte cunho liberal. Antes de embarcar, Bolsonaro reconheceu que “pode ter algum problema lá”, mas antecipou que seu objetivo “não é brigar com ninguém”.

O presidente brasileiro encontrará um ambiente especialmente carregado — há quem fale até na possibilidade de pontuais abandonos durante a fala. A assembleia da ONU tem uma pauta especialmente difícil para Bolsonaro.

Clima e meio-ambiente nunca foram temas prioritários na agenda política do governo, que precisou reagir de forma açodada à pressão internacional com as queimadas na Amazônia.

Em encontros paralelos e entrevistas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenta defender o ponto de vista do governo. Ontem ele anunciou um novo fundo internacional para a Amazônia para a pesquisa em bioeconomia — faltou só detalhar quem são os investidores internacionais da iniciativa.

Cobrou ainda os signatários do Acordo de Paris, do qual o governo já cogitou desembarcar, 100 bilhões de dólares prometidos a nações em desenvolvimento.

O problema é que o Brasil não teve voz no principal evento com foco em meio ambiente, a Assembleia do Clima, realizada ontem. Em discursos fortes, ambientalistas e líderes globais se comprometeram a ir além dos objetivos definidos pelo Acordo de Paris, que limita em até dois graus o aumento de temperatura até 2050.

Antagonista de Bolsonaro, o presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou ontem uma aliança para proteger a Amazônia e outras florestas tropicais ao lado de presidentes de países como Alemanha, Bolívia e Colômbia.

Logo após o presidente brasileiro sobe ao palco da ONU o americano Donald Trump para o discurso mais aguardado do dia. Trump deve falar sobre os conflitos com Irã e Coreia do Norte e a guerra comercial com a China. O discurso acontece logo após um novo quiproquó internacional.

Depois de supostamente discutir a disputa eleitoral com o democrata Joe Biden com o presidente da Ucrânia, Trump ordenou o congelamento de 391 milhões de dólares em ajuda ao país. A denúncia é que ele usou do cargo para pedir que a Ucrânia investigue Biden, o que dá margem para novos pedidos de impeachment da oposição.

Para Bolsonaro, ser ofuscado por Trump, nesta terça-feira, será um ótimo negócio.

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