Biden: democrata agora poderá determinar medidas prioritárias (Chandan Khanna/AFP)
AFP
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 19h22.
A maioria democrata no Senado dos EUA representa uma virada de jogo para o presidente eleito Joe Biden, que será capaz de levar adiante seus projetos e indicações sem a obstrução sistemática dos republicanos.
O pastor Raphael Warnock e o jovem astro político Jon Ossoff lideraram o segundo turno para as cadeiras de senador do estado da Geórgia, vencendo os candidatos republicanos aliados do derrotado presidente Donald Trump.
A chegada de Warnock e Ostoff ao Senado significa que os democratas e independentes alinhados com eles terão 50 dos 100 assentos na câmara alta e o voto da vice-presidente eleita Kamala Harris decidirá em caso de empate.
Os democratas vão controlar as duas casas, além da Casa Branca, pela primeira vez desde os primeiros dois anos da presidência de Barack Obama, quando ele lançou um gigantesco pacote de medidas para salvar a economia após a crise de 2008/2009 e sancionou uma lei que estendeu e melhorou a cobertura de saúde para milhões de americanos.
Biden agora poderá determinar medidas prioritárias começando com ajuda de 2.000 dólares para cada americano afetado pelas consequências econômicas do coronavírus. Essa iniciativa foi apoiada até por Trump, mas foi bloqueada pelo líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell.
Outras metas que ele poderá cumprir envolvem aumentar o salário mínimo nacional para 15 dólares por hora, aliviar o fardo da dívida estudantil e criar uma "opção pública" de assistência médica - um sonho antigo dos democratas que querem oferecer um seguro saúde mais barato e apoiado pelo governo para competir com as empresas privadas.
Uma prioridade muito particular para os democratas é aprovar a chamada "Lei do Povo", que busca proteger o direito ao voto e decreta feriado no dia das eleições nacionais, além de estabelecer comissões apartidárias para projetar os distritos eleitorais, o que vai contra o desejo dos republicanos de ocupar essas organizações.
Biden não terá rédea solta. No Senado, o controle dos democratas não poderia ser mais apertado e o partido tem sua menor maioria em quase um século na Câmara dos Representantes.
Um senador importante será Joe Manchin, um democrata que sempre vence na Virgínia Ocidental, embora esse estado seja um dos republicanos mais sólidos do país.
Embora apoie as prioridades democratas em economia e política externa, espera-se que Manchin se oponha às leis climáticas consideradas negativas pela indústria de carvão de seu estado. Ele também teme a limitação ao uso de armas.
Em contrapartida, Biden se sentirá confortável em nomear membros de seu gabinete e, eventualmente, para o judiciário, já que o Senado é o órgão encarregado de confirmá-los.
Os republicanos já indicaram que tentarão bloquear pelo menos uma indicação: a de Neera Tanden, progressista escolhida para chefiar o Escritório de Gestão e Orçamento.
Enorme. A vitória tem um grande impacto após a frustração dos democratas por terem perdido cadeiras na Câmara dos Representantes e também porque Trump ainda sente que tem uma tábua de salvação para sua política divisionista.
Os democratas expressaram sua alegria em tirar a liderança da maioria no Senado de McConnell, um estrategista notório e implacável que bloqueou grande parte da agenda de Obama.
"Que Mitch McConnel (...) possa perder seu poder de veto à democracia americana por causa de Raphael Warnock, John Ossoff e Stacey Abrams, é uma certa forma de justiça", tuitou Ben Rhodes, que foi um dos principais conselheiros de Obama.
Mas Biden, que foi senador por 36 anos, sabe muito bem que o partido do presidente costuma perder cadeiras nas primeiras eleições legislativas de meio de mandato. Essa votação será em novembro de 2022.
Os democratas teriam então "menos de dois anos para fazer o grande e significativo progresso que as pessoas estão esperando", disse no Twitter Amanda Litman, que iniciou um movimento para apoiar candidatos progressistas.