Mundo

Putin afirma que Meldonium não pode ser considerado doping

"Esse remédio nunca foi considerado doping. De maneira alguma influi nos resultados, só fortalece o músculo do coração quando há grandes cargas de trabalho"


	Vladimir Putin: o presidente russo admitiu que a substância é usada quase exclusivamente por atletas do leste da Europa
 (Sergei Karpukhin / Reuters)

Vladimir Putin: o presidente russo admitiu que a substância é usada quase exclusivamente por atletas do leste da Europa (Sergei Karpukhin / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2016 às 16h37.

Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que o Meldonium não é uma substância dopante, apesar de cerca de 200 atletas - vários deles russos - já terem sido suspensos por seu consumo desde que o composto foi proibido no último dia 1º de janeiro.

"Esse remédio nunca foi considerado doping. De maneira alguma influi nos resultados, só fortalece o músculo do coração quando há grandes cargas de trabalho", disse Putin na tradicional "linha direta" com os cidadãos russos.

O presidente russo admitiu que a substância é usada quase exclusivamente por atletas do leste da Europa e de países que pertenceram à União Soviética, mas negou um possível teor político na decisão da Agência Mundial Antidoping (AMA).

Putin, que pediu cooperação com as organizações internacionais sobre o assunto, lembrou que a AMA suavizou as punições pelo consumo de Meldonium nesta semana.

"Mas, em nenhuma hipótese, os esportistas devem sofrer, e em nosso caso são muitos, porque eles não têm nada a ver com o escândalo de doping", destacou o líder russo.

De acordo com Putin, pesquisadores estão estudando o prazo de eliminação do composto do organismo humano. Os primeiros exames mostraram que o processo varia de pessoa pra pessoa.

"Os casos nos quais o exame de doping contenha menos de um micrograma de Meldonium e que tenha sido realizado antes do dia 1º de março serão equipados aos ocorridos antes de 1º de janeiro. Se admite que o atleta não consumiu o fármaco de maneira consciente após sua proibição", informou a AMA em comunicado.

No entanto, as investigações contra os atletas prosseguirão se existirem evidências do consumo de Meldonium depois de 1º de janeiro ou se a concentração da substância ultrapassar os 15 microgramas por milímetro, o que confirma a "recente ingestão".

"O mesmo ocorrerá se a concentração estiver entre 1 e 15 microgramas por mililitro, e o teste foi efetuado a partir do dia 1º de março", explicou a AMA na nota.

Dessa forma, os atletas que testaram positivos, mas foram considerados inocentes, serão perdoados e poderão competir nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, uma notícia que foi celebrada pelo Ministério de Esportes da Rússia.

No entanto, a AMA alertou que analisará cada caso de forma individual e negou que seu comunicado seja um sinônimo de anistia para os atletas que foram pegos usando a substância.

A companhia Grideks, com sede no Letão, fabricante do Meldonium, informou à Agência Efe que a total eliminação do composto pode demorar vários meses, o que depende de uma série de fatores.

"Depende da dose, da duração do tratamento, da fisiologia individual do organismo, a sensibilidade dos métodos e o tipo de amostra (sangue ou urina) que se usa para detectá-lo", explicou.

Na linha direta com os cidadãos, Putin teve que responder uma pergunta do chefe do atletismo do país, Yuri Borzakovski, sobre a suspensão por doping que ameaça deixar os atletas russos fora dos próximos Jogos Olímpicos.

"Entendo que nossos atletas se encontrem uma situação difícil. Se quer saber minha opinião, acho que é preciso estar preparado para tudo", recomendou o presidente russo.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDopingEsportesEuropaPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países

Trump escolhe Stephen Miran para chefiar seu conselho de assessores econômicos