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Provável novo líder chinês fala em consenso com Obama

Atual vice-presidente da China e favorito para assumir o comando do país, Xi Jinping defendeu a relação com os EUA durante encontro com Obama

O vice-presidente da China, Xi Jinping, destacou o consenso durante visita aos EUA (Feng Li/AFP)

O vice-presidente da China, Xi Jinping, destacou o consenso durante visita aos EUA (Feng Li/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 17h26.

Washington - O vice-presidente da China, Xi Jinping, tentou dar nesta terça-feira uma mensagem de tranquilidade a Washington ao assegurar que durante sua visita aos Estados Unidos espera 'estabelecer consenso, expandir a cooperação e aprofundar a amizade' entre os dois países.

Xi se reuniu hoje na Casa Branca com o vice-presidente americano, Joe Biden, e com o próprio presidente Barack Obama, no primeiro dia de uma visita que os EUA querem aproveitar para conhecer melhor o futuro líder chinês, cujas opiniões sobre Washington são até agora um enigma.

Espera-se que Xi substitua em outubro deste ano o atual presidente chinês, Hu Jintao, à frente do Partido Comunista de seu país, e em março de 2013 o suceda também como chefe de Estado.

Tanto em sua reunião com Biden como com Obama, o vice-presidente insistiu que procura uma relação baseada 'no respeito e no benefício mútuo'.

Xi não fez referência em nenhum momento a alguns dos temas mais espinhosos da complexa relação bilateral, como a cotação do iuane ou o equilíbrio militar na Ásia Pacífico, ao contrário do que fez o presidente americano em entrevista coletiva conjunta antes do encontro.

Os EUA querem colaborar com a China para 'nos assegurar de que todos observamos as mesmas regras de jogo no que concerne ao sistema econômico mundial', explicou Obama.

'Isso quer dizer que existe um fluxo comercial equilibrado não só entre EUA e China, mas no mundo inteiro', acrescentou.

Washington considera que o iuane está cotado de maneira artificialmente baixa, o que beneficia as exportações chinesas em detrimento das americanas. Estas denúncias se transformaram em um argumento eleitoral às vésperas ao pleito presidencial do dia 6 de novembro.

O governo americano também pede à China que faça mais para combater a pirataria, e Obama anunciou no mês passado a criação de uma unidade que terá como missão principal combater as falsificações procedentes desse país.


Sobre 'questões cruciais como os direitos humanos', Obama declarou que os Estados Unidos 'continuarão insistindo' para que 'sejam reconhecidas as aspirações e os direitos de todos'.

O presidente americano ressaltou que espera que a China 'siga aumentando seu papel crescente nos assuntos mundiais', por isso considera 'extremamente importante' que Washington e Pequim desenvolvam 'uma sólida relação de trabalho'.

'Temos agora a oportunidade de que nossos países melhorem seus laços estratégicos, manejem as possíveis tensões de maneira construtiva', afirmou Obama, que insistiu que seu país 'dá as boas-vindas à ascensão pacífica da China'.

Uma boa relação entre Washington e Pequim, baseada no respeito e no benefício mútuo, convém não só aos dois países, mas também à região da Ásia Pacífico e ao mundo inteiro, explicou o presidente.

A agenda da reunião entre Obama e Xi incluía uma gama de temas latentes da relação bilateral, incluindo o equilíbrio militar na região da Ásia Pacífico, e questões multilaterais como a situação na Síria - Pequim votou contra um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU de condenação ao regime de Bashar al-Assad -, na Coreia do Norte e no Irã.

No campo militar, ambos os países sofreram atritos nos últimos tempos. Pequim viu com pouca simpatia anúncios como o da rotação de militares americanos na base australiana de Darwin.

As duas nações divergem também acerca do mar da China Meridional, que Washington considera um interesse estratégico vital devido à importância de suas rotas comerciais e onde seis países, entre eles China, mantêm disputas territoriais.

Após as reuniões na Casa Branca, Xi almoçou no Departamento de Estado com Biden e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. O vice-presidente dos EUA oferecerá também um jantar em sua residência em homenagem ao número 2 do governo chinês.

A agenda de Xi em Washington será completada com uma visita ao Pentágono e com uma reunião com empresários americanos, antes de seguir viagem a Iowa - um estado que já visitou como funcionário provincial em 1985 - e rumo a Califórnia.

A visita do vice-presidente chinês gerou diversos protestos de organizações pró-direitos humanos. Hoje, em frente à Casa Branca, houve diversas manifestações para reivindicar a liberdade do Tibete ou em defesa do grupo religioso Falun Gong, entre outros temas. 

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