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Protestos fazem presidente do Iêmen desistir de prolongar mandato

Único presidente do país desde a unificação em 1990, Ali Abdullah Saleh desistiu de mudar a constituição para permanecer no cargo e não será candidato em 2013

Ali Abdullah Saleh assumiu o Iêmen em 1990 e foi reeleito duas vezes (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 07h17.

Sana, Iêmen - Em meio a protestos contra o seu regime, o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, anunciou nesta quarta-feira que congelará a introdução de emendas na Constituição que permitiriam perpetuar-se no poder.

"Não vou trabalhar para prolongar meu mandato", garantiu Saleh em discurso no Parlamento no qual assinalou que "serão congeladas as reformas constitucionais de acordo com o que exige o interesse público".

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Na atualidade, segundo a Constituição iemenita, que foi emendada em duas ocasiões desde a unificação do país em 1990, só permite ao presidente apresentar-se para duas legislaturas. Antes desse ano, não havia restrições ao mandato presidencial.

"Não ao prolongamento e não a herança... isto não está incluído no programa do presidente", disse Saleh, que renuncia desta forma a tentativa de postular-se como candidato nas eleições presidenciais previstas para 2013.

Na quinta-feira passada, dezenas de milhares de pessoas convocadas pelos principais partidos da oposição iemenita exigiram a Saleh que não reformasse a Constituição para apresentar-se a uma nova reeleição.

O líder, que ocupa a Presidência desde 1990 e foi reeleito em 1999 e 2006, disse também nesta sessão especial do Parlamento que abrirá um diálogo com a oposição, missão que caberá a um comitê de quatro pessoas.

"Vou fazer sacrifício após sacrifício pelo bem desta nação, porque o bem da pátria está acima de nossos interesses pessoais", ressaltou.

Além disso, indicou que atrasará o pleito parlamentar previsto para abril, como pediam os grupos opositores, que denunciam irregularidades no registro dos eleitores.

A oposição iemenita convocou para esta quinta um dia de protestos, batizada como "dia da ira", que ocorrerá no centro da capital.

Quanto a esta convocação, o presidente iemenita advertiu a oposição contra a organização de manifestações violentas.

"Se a oposição liderar protestos nesta quinta-feira ou qualquer outro dia que levem à destruição da propriedade, cada cidadão iemenita, esteja onde estiver, terá o direito da defesa legítima de seu dinheiro e de sua honra", garantiu durante seu discurso.

A queda na Tunísia do regime do presidente, Zine el Abidine Ben Ali, abriu caminho para a expressão popular das tensões políticas em outros países da região, como no Egito, Jordânia e o Iêmen, o país mais pobre da península Arábica.

O regime de Saleh está exposto às ações contínuas da Al Qaeda, que tem bases neste país, a uma tentativa de secessão do sul e a uma rebelião xiita no norte que atua esporadicamente.

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