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Protestos contra o governo em Bangladesh deixam mais de 70 mortos e 300 feridos

Mais de 200 pessoas foram mortas em manifestações no mês passado, muitas delas baleadas pela polícia; cerca de 10 mil foram detidas nas últimas duas semanas

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 4 de agosto de 2024 às 14h35.

Pelo menos 76 pessoas morreram em Bangladesh neste domingo em meio ao agravamento dos confrontos entre a polícia e manifestantes que exigem a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina. Treze policiais foram mortos após milhares de pessoas atacarem uma delegacia no distrito de Sirajganj, disseram as autoridades locais, acrescentando que outros 300 agentes ficaram feridos.

Os protestos, que começaram em junho para denunciar as cotas de admissão para cargos públicos – consideradas “arbitrárias” – se transformaram num movimento antigoverno mais amplo e viraram os piores distúrbios enfrentados por Hasina em 15 anos no poder. As tropas locais chegaram a restabelecer a ordem por alguns dias, mas a multidão retornou no início deste mês com a intenção de paralisar o governo.

Milhares de pessoas, muitas armadas com pedaços de pau, lotaram neste domingo a praça Shahbagh, no centro de Deca. Foram registrados confrontos nas ruas em diversos pontos da capital, assim como em duas outras cidades importantes do país. O chefe das forças de segurança da região, al-Helal, disse que houve confrontos entre estudantes e homens do governo, e que a situação se transformou num “campo de batalha”.

Neste domingo, o ministro da Lei e Justiça, Anisul Huq, falou com a BBC sobre o toque de recolher noturno em vigor no país, que estabelece 18h como horário limite (9h em Brasília). Ele disse à rede britânica que “paciência tem limite” – e que se o governo não tivesse “demonstrado contenção”, teria havido “um banho de sangue”. Na capital, Deca, o acesso à internet em dispositivos móveis foi suspenso “por enquanto”.

Correspondentes da AFP afirmaram que durante o anoitecer foram ouvidos tiros de armas de fogo, enquanto os manifestantes desafiavam o toque de coleta imposto em todo o país.

Mais de 200 pessoas foram mortas na violência em julho, muitas delas baleadas pela polícia. Cerca de 10 mil foram detidas numa grande repressão pelas forças de segurança nas últimas duas semanas. Entre os presos estavam apoiadores da oposição e estudantes. Um dos líderes do movimento estudantil, Nahid Islam, disse que Hasina não deve “apenas renunciar”, mas ser julgada pelos “assassinatos, saques e corrupção”.

No mês passado, os estudantes tomaram as ruas para condenar a reserva de muitos cargos no serviço público que são separados para parentes dos veteranos da guerra de independência de Bangladesh com o Paquistão, em 1971. A maior parte da cota foi reduzida pelo governo, mas os manifestantes continuaram protestando, exigindo justiça para os mortos e feridos – até que agora incluíram na lista a renúncia de Hasina.

Sheikh Hasina, de 76 anos, governa o país desde 2009 e venceu as eleições pela quarta vez consecutiva em janeiro, uma votação que não teve uma oposição real. Grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo de utilizar indevidamente as instituições do Estado para permanecer no poder e acabar com opositores, inclusive por meio de execuções extrajudiciais.

(Com AFP)

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