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Protesto contra presidente, em praça do Cairo, já reúne 200 mil

Organizadores esperam trazer 1 milhão de pessoas para o evento

Manifestantes em frente a tanques do Exército, durante manifestação no Cairo (Suhaib Salem/REUTERS)

Manifestantes em frente a tanques do Exército, durante manifestação no Cairo (Suhaib Salem/REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2011 às 10h21.

Cairo - Mais de 200 mil egípcios começaram a se concentrar nesta terça-feira na praça Tahrir, no centro do Cairo, para uma grande manifestação contra o presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. Os organizadores esperam trazer 1 milhão de pessoas para o evento.

Os manifestantes se sentem mais confiantes depois de o Exército ter prometido, na véspera, que não iria abrir fogo contra manifestantes pacíficos. Analistas dizem que o destino de Mubarak agora está nas mãos dos militares, no que pode ser a maior reviravolta política no país desde que o Exército depôs o rei Fahrouk, em 1952.

"Mubarak, vá para a Arábia Saudita ou o Bahrein", "Não te queremos, não te queremos", gritavam homens, mulheres e crianças na multidão que começou a se formar nas primeiras horas do dia. "Revolução, revolução até a vitória", entoavam alguns.

As cenas na praça Tahrir (Libertação) contrastam com as imagens de sexta-feira, quando a polícia usou cassetetes, gás lacrimogêneo e jatos de água contra os manifestantes.

Há rumores de que os manifestantes irão em passeata até o palácio presidencial, mas até o meio dia a multidão não havia se movido da praça, e muita gente continuava chegando.

Inicialmente desorganizado, os protestos contra Mubarak estão gradualmente se consolidando em um movimento reformista que abrange muitos setores da sociedade egípcia. Jovens e desempregados se misturam a membros do grupo islâmico Irmandade Muçulmana; pobres urbanos dão as mãos em solidariedade com médicos e professores.

"Estamos pedindo a derrubada do regime. Temos uma meta, que é retirar Hosni, nada mais. Nossos políticos precisam intervir e formar coalizões e comitês para propor um novo governo", disse o engenheiro de computação Ahmed Abdelmoneim, 25 anos.

Fotos de Mubarak, que a exemplo de todos os seus antecessores foi um oficial militar de alta patente, eram penduradas nos semáforos, simulando um enforcamento.

Presidente ausente

Mubarak não se manifesta ao país desde sexta-feira, quando demitiu seu gabinete. Na segunda-feira, o recém-nomeado vice-presidente Omar Suleiman anunciou uma proposta de diálogo com todas as forças políticas. O fato animou ainda mais os manifestantes.

"A revolução não vai aceitar Omar Suleiman, nem por um período de transição. Queremos um novo líder democrática", disse Mohamed Saber, membro da Irmandade Muçulmana.

"Somos muito pacientes, podemos ficar aqui por muito tempo... Nos últimos 30 anos este regime tirou o pior de nós. Agora todos estão se manifestando. Antes, todos eram negativos e passivos", disse o funcionário público Mahmoud Ali, 42 anos.

Mas não está claro o que virá depois de Mubarak caso ele renuncie. A oposição egípcia se fragmentou e enfraqueceu sob o atual regime. A Irmandade Muçulmana, embora oficialmente ilegal, tem a maior penetração popular, com seus projetos sociais e de saúde. O grupo diz defender um Estado islâmico pluralista e democrático.

"Nosso país tem muita gente capaz de ser presidente", disse o advogado Essam Kamel, 48, que no entanto rejeitou a figura do Nobel da Paz Mohamed El Baradei, que se ofereceu para comandar o país interinamente.

Mas Kameol acrescentou: "Somos muçulmanos, mas não desejamos um governo islâmico."

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