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Prossegue impasse sobre escolha do próximo premiê da Tunísia

Os negociadores estão divididos entre dois candidatos: Mohamed Ennaceur, 79 anos, e Ahmed Mestiri, 88, dois veteranos da política

Hamma Hammami, líder do Partido Comunista dos Trabalhadores Tunisianos, conversa com jornalistas após um encontro que tentou, sem sucesso, chegar a um acordo sobre o nome do futuro premiê (FETHI BELAID/AFP)

Hamma Hammami, líder do Partido Comunista dos Trabalhadores Tunisianos, conversa com jornalistas após um encontro que tentou, sem sucesso, chegar a um acordo sobre o nome do futuro premiê (FETHI BELAID/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2013 às 10h38.

Túnis - A oposição e os islamitas tunisianos no poder não conseguiram chegar neste sábado a um acordo sobre o nome do futuro primeiro-ministro independente, que terá a difícil tarefa de tirar o país de uma crise política alimentada pela violência jihadista.

"Não chegamos a um consenso sobre o primeiro-ministro (...). Vamos seguir com as discussões por mais um ou dois dias em busca de um consenso", disse um alto dirigente do partido islâmico Ennahda, Ameur Larayedh, após mais de doze horas de negociações neste sábado.

Segundo representantes dos partidos políticos citados pela imprensa tunisiana, os negociadores estão divididos entre dois candidatos: Mohamed Ennaceur, 79 anos, e Ahmed Mestiri, 88, dois veteranos da política que foram ministros com o primeiro presidente e pai da independência, Habib Bourguiba.

O Ennahda e seu aliado de esquerda Ettakatol apoiam Mestiri, enquanto o grosso da oposição defende Ennaceur, segundo a imprensa.

Participam das tratativas o secretário-geral do sindicato UGTT, Houcine Abassi, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), Mustapha Ben Jaafar, o líder do partido islâmico Ennahda, Rached Ghannouchi, e os opositores Beji Caid Essebsi, Ahmed Nejib Chebbi e Hamma Hammami.

"Não conseguimos chegar a um consenso, mas estamos no caminho", indicou um membro do Ennahda, Ameur Larayedh.

O diálogo nacional iniciado há uma semana deve levar à nomeação de uma personalidade que irá suceder o primeiro-ministro islamita Ali Larayedh e conduzir a Tunísia às eleições.

Contudo, Larayedh condicionou a sua saída do poder à estrita aplicação da agenda de negociações, que inclui a implementação de uma legislação e de um calendário eleitoral, bem como o lançamento do processo de aprovação da Constituição.

Sua renúncia formal deve acontecer em meados de novembro.


Mas o calendário de negociações já registra atraso: a eleição dos membros da futura comissão eleitoral pela ANC, inicialmente prevista para sábado, foi adiada.

Um tribunal administrativo notificou a Constituinte que ela deveria esperar a promulgação da lei que cria a instância e a sua publicação no Diário Oficial antes da escolha de seus membros.

A presidência anunciou na manhã deste sábado que a lei foi finalmente promulgada pelo chefe de Estado, Moncef Marzouki, de acordo com a agência oficial TAP.

O diálogo nacional têm como objetivo pôr um ponto final a uma crise política que paralisa o país desde o assassinato do influente deputado opositor Mohamed Brahmi, no final de julho. O crime foi atribuído a um movimento jihadista que intensificou seus ataques depois da revolução de janeiro de 2011.

As negociações iniciaram no dia 25 de outubro, com a promessa do Ennahda de ceder o poder a personalidades independentes e do retorno à Câmara dos sessenta deputados de oposição que boicotaram a ANC durante três meses.

Paralelamente, os confrontos envolvendo grupos armados aumentaram significativamente, culminando quarta-feira com dois ataques contra locais turísticos que não fizeram vítimas.

Durante o mês de outubro, nove policiais foram mortos em confrontos.

Desestabilizada pelas crises políticas e pela violência jihadista, a Tunísia não conseguiu fortalecer suas instituições e se dotar de uma Constituição depois da revolução de janeiro de 2011.

Os islamitas do Ennahda assumiram a liderança do governo nacional em eleições democráticas realizadas depois da queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011. A Tunísia é considerada o berço do grande movimento de contestação que varreu vários governos autoritários no norte da África e no Oriente Médio, chamado de Primavera Árabe.

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