Bottom faz alusão a Donald Trump durante sua campanha à presidência dos EUA (REUTERS/Tami Chappell)
AFP
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 09h46.
Uma professora universitária da Califórnia que disse aos estudantes que a eleição de Donald Trump era um "ato de terrorismo" decidiu esconder-se depois que seus comentários provocaram uma tempestade, que incluiu ameaças de morte.
Olga Perez Stable Cox, que dá aulas de sexualidade humana na Orange Coast College em Costa Mesa, Califórnia, deixou o estado depois que um vídeo com seus comentários - gravados de maneira secreta por um de seus estudantes - foi publicado no Facebook, o que provocou indignação e ameaças de morte, informa o jornal Orange County Register.
O sindicato dos professores informou que Cox e a universidade receberam mais de mil e-mails, além de ligações telefônicas com ameaças.
"Você quer o comunismo, vai para Cuba... tente trazê-lo para os Estados Unidos e vamos colocar uma bala na sua cabeça", afirma uma das mensagens, de acordo com o presidente do sindicato, Rob Schneiderman.
Outro e-mail descrevia Olga Cox como "maluca" e ameaçava divulgar o endereço da professora.
No vídeo, divulgado pelo grupo de Jovens Republicanos da universidade em 6 de dezembro, a professora compara a eleição de Trump a um "ato de terrorismo" e critica os nomes indicados para seu gabinete, além do vice-presidente eleito, Mike Pence.
"Nossa nação está dividida. Nós fomos atacados. É um ato de terrorismo", disse aos alunos.
"Uma da coisas mais assustadores para mim e para a maioria das pessoas em minha vida é que pessoas que criaram o ataque estão entre nós", completou.
Ela também disse que a campanha eleitoral e seu resultado deixaram o país profundamente dividido, "de maneira tão clara como era na época da guerra civil".
Os comentários foram considerados ofensivos por muitos estudantes, incluindo os Jovens Republicanos, que apresentaram uma queixa formal e criaram uma petição para exigir a demissão da professora.
Na segunda-feira, centenas de estudantes e alguns professores se reuniram no campus para expressar apoio a Cox, com cartazes em defesa da liberdade de expressão.
Um pequeno grupo de estudantes republicanos também estava no local. Eles reproduziram diversas vezes o polêmico vídeo em um computador.
Vários afirmaram que não se irritaram tanto com as declarações de Olga Cox, e sim com o fato da professora ter feito comentários políticos dentro da sala de aula.
"Isto não tem nada a ver com liberdade de expressão. É uma professora que ultrapassa sua profissão", disse Vincent Wetzel ao Register, ao mesmo tempo que descreveu Olga Cox como uma "boa professora".
O sindicato dos professores afirmou que o estudante que gravou a Olga Cox de maneira secreta pode enfrentar um processo legal, já que ao filmar o vídeo violou o código de conduta dos alunos.
Olga Cox deve retornar às aulas depois do recesso de fim de ano.