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Principais hospitais de Aleppo são atingidos por bombardeios

A violência dos bombardeios levou o papa Francisco a fazer "um chamado à consciência dos responsáveis pelos bombardeios, que terão que prestar contas a Deus"


	Síria: nesta quarta-feira, os dois hospitais mais importantes do leste de Aleppo ficaram fora de serviço, um devido a um ataque aéreo e outro por um tiro de artilharia
 (Bassam Khabieh / Reuters)

Síria: nesta quarta-feira, os dois hospitais mais importantes do leste de Aleppo ficaram fora de serviço, um devido a um ataque aéreo e outro por um tiro de artilharia (Bassam Khabieh / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2016 às 13h05.

Os dois principais hospitais da zona rebelde de Aleppo foram atingidos nesta quarta-feira por bombardeios, um ataque que segundo ativistas forma parte de uma estratégia deliberada do regime sírio e seu aliado russo para forçar a fuga dos civis.

As Forças Aéreas síria e russa desenvolvem há uma semana uma intensa campanha de bombardeios dos bairros nas mãos dos insurgentes no leste de Aleppo, destruindo edifícios residenciais.

A violência dos bombardeios levou o papa Francisco a fazer "um chamado à consciência dos responsáveis pelos bombardeios, que terão que prestar contas a Deus".

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-mooon, classificou estes ataques de "crimes de guerra".

"Sejamos claros. Aqueles que utilizam cada vez armas mais destrutivas sabem exatamente o que estão fazendo. Sabem que estão cometendo crimes de guerra", disse Ban ao Conselho de Segurança.

"Imaginem a destruição. Pessoas com os membros arrancados. Crianças sofrendo uma terrível dor sem nenhum alívio", afirmou. "Imaginem um matadouro. Isso é pior".

Nesta quarta-feira, os dois hospitais mais importantes do leste de Aleppo ficaram fora de serviço, um devido a um ataque aéreo e outro por um tiro de artilharia, segundo a Syrian American Medical Society (SAMS), uma ONG médica com sede nos Estados Unidos.

Um gerador de um dos dois hospitais ficou completamente destruído. Três funcionários ficaram feridos no segundo hospital, incluindo um motorista de ambulância, uma enfermeira e um contador, informou o hospital.

"Restam apenas (em Aleppo Oriental) seis hospitais ativos, agora que estes dois estabelecimentos estão fora de serviço", indicou Adham Sahlul da ONG SAMS.

Os dois hospitais têm unidades de urgência e de tratamento de traumatismos e já haviam sido bombardeados, segundo Sahlul, que classificou os bombardeios de "deliberados".

Não se sabia com precisão se os responsáveis pelo ataque foram aviões do regime ou de seu aliado russo.

Os dois dirigem uma campanha de bombardeios neste setor da segunda cidade do país, que o exército quer reconquistar.

Mais de 165 pessoas, em sua maioria civis, morreram nos bombardeios desde quinta-feira, 22 de setembro, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"Se há uma nova ofensiva, isso significará a morte para centenas de pessoas", advertiu Sahloul.

"As pessoas feridas e os doentes em estado grave devem ser evacuados do setor leste de Aleppo", declarou a ONG Médicos Sem Fronteiras.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou a "estabelecer imediatamente corredores humanitários para evacuar os doentes feridos".

Na quinta-feira passada, no início da ofensiva, a Força Aérea síria havia convocado os habitantes do leste de Aleppo de se dirigir às zonas controladas pelo governo.

A maioria dos habitantes em zona rebelde temem ser detidos se forem ao oeste da cidade.

Na quarta-feira, seis civis morreram em um bombardeio de artilharia do regime perto de uma padaria, segundo socorristas.

"No bairro de Maadi caíram morteiros de artilharia ao amanhecer. Vi seis cadáveres", afirmou à AFP um socorrista.

"Uma ambulância tentou retirá-los, mas quando chegou um morteiro caiu e feriu os socorristas", disse a fonte.

O bairro de Maadi, um dos mais afetados, é alvo da artilharia governamental localizada na cidadela da Cidade Velha.

Na zona de Maadi são registrados violentos combates desde a manhã de terça-feira, segundo o OSDH.

O chefe da organização Capacetes Brancos Sírios (a defesa civil do território rebelde) advertiu em uma entrevista à AFP que o leste de Aleppo não "aguentará mais de um mês" devido à destruição dos serviços municipais.

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