Redação Exame
Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 08h35.
Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 11h29.
O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, apresentou sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron nesta quinta-feira, 5. O chefe do Executivo pediu para Barnier continuar a frente das obrigações do cargo até que um substituto seja nomeado.
O presidente Emmanuel Macron tenta conter nesta quinta-feira, 5, a crise política e financeira na França, após a moção de censura que provocou a queda do governo e deixou a segunda maior economia da União Europeia (UE) em um momento de incerteza.
A demissão de Barnier foi consequência da derrota ontem do seu governo após uma moção de censura apresentada pelo bloco de partidos de esquerda, que foi apoiada pela extrema-direita de Marine Le Pen.
O fim do breve governo de Barnier acontece após as eleições antecipadas de julho, que resultaram em uma Assembleia Nacional sem maiorias claras e dividida em três blocos irreconciliáveis (esquerda, centro-direita e extrema-direita).
A queda de Barnier foi provocada por seu orçamento para 2025, que incluía medidas de austeridade consideradas inaceitáveis para a maioria legislativa, mas que ele considerava indispensáveis para estabilizar as finanças francesas.
A moção de censura interrompeu todo o plano financeiro do governo e levou à renovação automática do atual orçamento para o próximo ano, a menos que o governo consiga aprovar rapidamente uma nova proposta, o que parece pouco provável.
"A França possivelmente não terá um orçamento para 2025", escreveu a ING Economics em uma nota, que prevê o início de "uma nova era de instabilidade política".
A agência de classificação financeira Moody's advertiu que a queda de Barnier "aprofunda a estagnação política" e "reduz a possibilidade de consolidar as finanças públicas".
A Bolsa de Paris operava em queda nesta quinta-feira e o rendimento dos títulos do governo francês voltou a enfrentar pressões de alta no mercado da dívida.
Macron, que discursará ao país às 20H00 (16H00 de Brasília), tem mais de dois anos de mandato pela frente, mas alguns opositores pediram sua renúncia.
A presidente da Assembleia Nacional, Yael Braun-Pivet, fez um apelo a Macron para não perder tempo escolhendo um novo primeiro-ministro.
Não há indícios de quanto tempo Macron levará para nomear o sucessor de Barnier ou qual será sua orientação política.
Entre os potenciais candidatos ao cargo estão o ministro da Defesa, Sebastien Lecornu, o aliado centrista de Macron, Francois Bayrou, além do ex-premiê socialista Bernard Cazeneuve.
A votação que provocou a queda de Barnier foi a primeira moção de censura bem-sucedida desde que o governo de Georges Pompidou foi derrotado em 1962, durante a presidência de Charles de Gaulle.
Macron retornou a Paris pouco antes da votação, após uma visita de Estado de três dias à Arábia Saudita.
O clima de incerteza na França acontece antes da reabertura, no sábado, da catedral de Notre-Dame, restaurada após o incêndio de 2019.
Entre os convidados internacionais para o evento está o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com informações de AFP