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Pressão diplomática para salvar condenados na Indonésia

As autoridades de Jacarta notificaram os oito estrangeiros que a execução é iminente, assim como a de um cidadão indonésio

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2015 às 11h08.

Cilacap - Os apelos e pressões diplomáticas ganharam intensidade nesta segunda-feira para tentar salvar a vida de oito estrangeiros, incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte, condenados à morte por narcotráfico na Indonésia.

As autoridades de Jacarta notificaram os oito estrangeiros (da Austrália, Brasil, Filipinas e Nigéria) que a execução é iminente, assim como a de um cidadão indonésio. Um francês, também condenado à pena capital por narcotráfico, foi retirado da lista no último momento.

O presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, "recordaram que França e Austrália condenam o recurso da pena de morte em qualquer circunstância", segundo um comunicado do governo de Paris.

As pressões diplomáticas aumentaram nos últimos dias e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu à Indonésia que desista das execuções.

Nesta segunda-feira, o advogado do brasileiro Rodrigo Gularte apresentará um último recurso para conseguir uma revisão do caso, assim como novos boletins médicos sobre o distúrbio mental de que sofreria, de acordo com a família.

Gularte, de 42 anos, foi detido em 2004 ao tentar entrar no aeroporto de Jacarta com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf. A família apresentou vários relatórios médicos para demonstrar que ele sofre de esquizofrenia e que, portanto, não deveria ser executado.

As autoridades indonésias adiaram a execução do francês Serge Atlaoui, de 51 anos, condenado à morte em 2007 por narcotráfico - uma acusação que sempre negou -, supostamente pelas fortes pressões diplomáticas francesas.

O ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, decidiu cancelar uma viagem prevista para terça-feira à Indonésia.

"Salve minha filha!"

Os parentes dos condenados visitaram os detentos nesta segunda-feira na prisão da ilha de Nusakambangan, "a Alcatraz indonésia", onde os presos podem ser fuzilados na madrugada de quarta-feira.

A imprensa australiana publicou fotos das cruzes destinadas aos caixões dos condenados com a data de 29.04.2015.

Até o momento, o presidente indonésio, Joko Widowo, intransigente com o tráfico de drogas, rejeitou todos os pedidos de indulto, apesar dos muitos apelos por clemência.

Nesta segunda-feira ele disse que sente compaixão pela presa filipina Mary Jane Veloso e prometeu estudar o caso, mas parece pouco provável que Widowo mude sua opinião sobre execuções que, segundo ele, são essenciais para atacar a crise provocada pelas drogas no país.

Veloso, de 30 anos, afirma que não é uma narcotraficante e que caiu na armadilha de uma rede criminosa. Sua irmã e sua mãe voltaram a pedir clemência nesta segunda-feira.

"Suplicamos que deem uma última oportunidade a minha irmã mais nova, mãe de dois filhos", declarou Marites Veloso-Laurente ao chegar a Cilacap, o porto de acesso à "prisão da morte".

A mãe de Mary Jane enviou uma mensagem desesperada ao campeão de boxe filipino Manny Pacquiao, que treina nos Estados Unidos para uma das lutas mais aguardadas dos últimos anos, contra o americano Floyd Mayweather Jr.

"Manny, por favor, salve minha filha. Por favor, fale. Qualquer palavra sua será uma grande ajuda porque você é muito popular na Indonésia", declarou Celia Veloso a uma emissora de rádio.

O boxeador não ignorou o apelo da compatriota.

"Eu apelo a vossa excelência que conceda sua clemência, perdoando a vida e salvando-a da execução", pediu Pacquiao a Widowo, em uma mensagem gravada em seu centro de treinamento em Los Angeles.

A Austrália também voltou a pedir a Jacarta que não execute seus dois cidadãos condenados à morte, Myuran Sukumaran e Andrew Chan. O grupo de imprensa australiano Fairfax Media publicou novas acusações contra os juízes que os condenaram em 2006.

Segundo o Fairfax, os magistrados teriam pedido mais de um bilhão de rupias (103.000 dólares) para evitar a pena de morte e uma sentença de menos de 20 anos de prisão.

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