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Presidente ucraniano revela plano de paz para leste

O presidente ucraniano apresentou um plano de paz para acabar com a insurreição separatista pró-russa no leste do país

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko: insurreição separatista já fez 365 mortos  (Sergei Supinsky/AFP/AFP)

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko: insurreição separatista já fez 365 mortos (Sergei Supinsky/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2014 às 13h49.

Kiev - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, apresentou nesta sexta-feira um plano de paz para acabar com a insurreição separatista pró-russa no leste do país, enquanto a Rússia negava as acusações da Otan sobre um reforço de sua tropas na fronteira.

O anúncio deste plano de 14 pontos, enquanto os combates prosseguem, ocorre após uma segunda conversa esta semana entre o presidente pró-ocidental ucraniano e o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, na quinta-feira à noite.

A insurreição separatista na região industrial de Donbass já fez 365 mortos desde abril e ameaça a unidade da Ucrânia, ex-república soviética que deve selar um acordo de associação histórico com a União Europeia em 27 de junho.

O plano, revelado por um canal de televisão local e que deve ser apresentado por Poroshenko durante o dia, apresenta medidas políticas, econômicas e de segurança para uma solução pacífica para a crise.

Ele prevê garantias para a segurança dos participantes das discussões de paz, uma anistia para aqueles que depuserem as armas e que não cometeram nenhum crime grave, a libertação dos reféns e a criação de uma zona especial de 10 km na fronteira entre Ucrânia e Rússia.

Também estipula um desarmamento imediato e o fim da ocupação ilegal dos edifícios da administração regional de Donetsk e Lugansk, controlados pelos rebeldes separatistas, além de citar a organização rápida de eleições legislativas locais e um programa para a criação de empregos na região.

Um "corredor para os mercenários"

O plano prevê ainda a criação de "corredores" para que os mercenários russos e ucranianos deixem a zona de conflito, a descentralização do poder e a proteção da língua russa por meio de emendas à Constituição.

O documento também observa que "o presidente ucraniano garante a segurança para todos os residentes da região, independentemente da suas crenças políticas", em referência ao apoio de parte da população aos rebeldes.

O presidente pró-Ocidente Petro Poroshenko conversou na quinta-feira à noite por telefone com o presidente russo Vladimir Putin sobre o plano de paz, que deve apresentar oficialmente nesta sexta-feira em um discurso.


Segundo o Kremlin, Putin fez uma série de comentários sobre o plano e citou a necessidade do fim imediato da operação militar de Kiev contra as milícias separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.

Poroshenko respondeu a Putin que espera seu apoio ao plano de paz uma vez instaurado o cessar-fogo unilateral prometido na quarta-feira, e que ele espera tornar efetivo em breve.

Poroshenko declarou há dois dias que o plano de paz começaria com sua ordem de cessar-fogo unilateral, o que foi considerado por Moscou como "uma boa proposta".

Negação russa após acusações da Otan

Quinta-feira à noite, o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel reiteraram "ao presidente russo a importância de conseguir rapidamente o cessar dos combates no leste da Ucrânia para estabilizar a situação de segurança e criar as condições de uma distensão real".

Mais cedo, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, denunciou, em Londres, que a Rússia enviou novamente milhares de soldados à fronteira com a Ucrânia.

A Rússia, por meio do porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov, disse estar surpresa nesta sexta-feira com as acusações, assegurando que o deslocamento das tropas russas para uma área próxima da Ucrânia pretende reforçar a fronteira, o que foi determinado há várias semanas.

"Neste caso não podemos falar de concentração de tropas, e sim de medidas orientadas a reforçar a proteção das fronteiras da Rússia, sob a ordem direta do presidente Vladimir Putin", disse Peskov, antes de ressaltar que a ordem foi dada "há várias semanas".

O ministro da Defesa da Ucrânia, Mikhailo Koval, por sua vez, disse que o país havia fechado sua fronteira "para os tanques e outros veículos blindados que os separatistas poderiam tentar introduzir a partir da Rússia."

Após uma interrupção do fornecimento de gás russo à Ucrânia determinada na segunda-feira por Moscou, o que forçou Kiev a voltar-se para a Europa, Poroshenko anunciou na quinta-feira que a parte econômica de um acordo de associação com a UE será assinada em 27 de junho, em Bruxelas.

O acordo, que suprime a maioria das barreiras comerciais entre a UE e a Ucrânia, reduz a zero as esperanças de Moscou de atrair a Ucrânia à União Econômica da Eurásia, que espera estabelecer junto as ex-repúblicas soviéticas.

A Ucrânia deveria ter assinado o acordo de livre comércio em novembro, mas o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, desistiu sob pressão de Moscou, provocando a crise que levou à sua queda em fevereiro e à anexação em março da Crimeia à Rússia.

No campo de batalha, um porta-voz do Exército indicou que sete soldados foram mortos e 30 feridos em novos combates.

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