Imagem da televisão síria mostra o presidente Bashar al-Assad (E) em uma cerimônia religiosa em Damasco em 24 de janeiro (AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2013 às 19h32.
Damasco - A televisão síria exibiu nesta quinta-feira imagens do presidente Bashar al-Assad rezando em uma mesquita, por ocasião da celebração do nascimento de Maomé, em sua primeira aparição na TV desde 6 de janeiro.
Os telespectadores puderam ver imagens ao vivo do mandatário realizando suas orações na mesquita Al-Afram, no norte de Damasco, junto com lideranças religiosas e autoridades do seu governo.
Depois o presidente sírio cumprimentou simpatizantes em meio a uma multidão.
Aparições do chefe de Estado são raras. Seu último discurso televisionado foi em 6 de janeiro, durante o qual propôs uma solução política para o conflito, mas totalmente sob o controle de seu regime.
O ministro da Awqaf (Propriedades Religiosas), Mohammad Abdel-Sattar Sayyed, convocou para esta sexta-feira, dia das preces semanais muçulmanas, "uma oração de um milhão de fiéis" em todas as mesquitas pelo retorno "da segurança no país".
A Síria "vai superar o complô fomentado por países estrangeiros hostis, implementado por intermediários e escravos liderados por radicais wahabitas", afirmou, em declarações reproduzidas pela agência de notícias oficial SANA.
Ele fazia referência à Arábia Saudita e ao Qatar, acusados pelo regime de apoiar grupos "terroristas" que semeiam o caos na Síria.
Enquanto os muçulmanos comemoram o nascimento do profeta Maomé, alguns bairros controlados pelos rebeldes em Homs (centro) são destruídos pelos bombardeios do regime, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Homs voltou a ser o centro dos combates no domingo. Ativistas relataram a chegada de um grande contingente de soldados.
A parte oeste da terceira maior cidade da Síria é um ponto central na linha de demarcação entre regime e rebeldes, que se concentram em extensas zonas do leste e norte do país.
Durante a noite, seis rebeldes foram mortos em violentos combates contra as tropas regulares no oeste da cidade, segundo o OSDH, que indicou a morte de 73 pessoas desde domingo, sendo 31 soldados, 16 rebeldes e 26 civis.
Denunciado o cerco realizado pelo Exército há mais de seis meses em vários bairros e que mergulhou centenas de pessoas em uma grave crise humanitária, o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição, exortou o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) "a ajudar os civis em Homs", lançando um apelo às organizações humanitárias para que tentem enviar alimentos aos habitantes.
O CNS também denunciou "o regime e seu selvagem ataque planejado contra Homs e sua região para obrigar seus habitantes a fugir, acreditando que assim sairá vitorioso em Homs, o coração da revolução".
A revolta na Síria nasceu em 15 de março de 2011 em plena Primavera Árabe. Os protestos pacíficos que exigiam mais liberdade, se radicalizaram e agora exigem a queda do regime.
Contra a sangrenta repressão de Assad aos protestos, a oposição pegou em armas e o conflito se militarizou. Mais de 60 mil pessoas morreram deste então, segundo a ONU.
Na frente diplomática, após quase dois anos de conflito, França e Irã, que defendem opiniões diametralmente opostas, reconheceram que a situação na Síria não tem evoluído e que nenhuma solução para o conflito parece próxima. o
O embaixador iraniano em Bagdá, Hassan Danaie-Far, considerou "improvável" que o conflito que se "parece um pouco" com uma guerra civil, termine em 2013, enquanto o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, admitiu que "as coisas não se movem" na Síria, lamentando que "as discussões internacionais não avançam".
No nordeste curdo do país, os combates continuavam, indicou o OSDH.
Na semana passada, os confrontos entre rebeldes sírios e combatentes da União Democrática Curda -braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização rebelde dos curdos da Turquia- registraram 58 mortes.
Em uma primeira estimativa, o OSDH contabilizou 84 mortos nesta quinta-feira em todo o país, dos quais 34 civis, 32 rebeldes e 18 soldados.