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Presidente português encerra audiências sobre crise política

Chefe de Estado recebeu dirigentes de grupos parlamentares, representantes dos trabalhadores e associações para rodada de consultas sobre crise de governo


	Anibal Cavaco Silva: presidente portugês fará ao longo do dia pronunciamento, o primeiro sobre a crise política que afeta o país
 (Alfredo Rocha/Getty Images)

Anibal Cavaco Silva: presidente portugês fará ao longo do dia pronunciamento, o primeiro sobre a crise política que afeta o país (Alfredo Rocha/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2013 às 10h35.

Lisboa - O chefe de Estado de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, se reuniu nesta quarta-feira com os líderes dos dois principais sindicatos do país e concluiu assim a rodada de consultas sobre a crise de governo iniciada na semana passada.

O presidente português recebeu em audiência durante os últimos três dias dirigentes de todos os grupos parlamentares, associações patronais, representantes dos trabalhadores e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para conhecer em primeira mão sua opinião e analisar possíveis soluções.

Um porta-voz do chefe de Estado informou aos jornalistas que Cavaco Silva deve fazer um pronunciamento ao longo do dia de hoje, quando será a primeira vez que se pronuncie sobre a crise política.

Apesar de durante a última semana não ter feito comentário algum, em Portugal se dá por feito com que o presidente validará o acordo alcançado na sexta-feira pelos dois partidos conservadores para manter o atual governo de coalizão.

As divergências entre social-democratas (PSD, centro-direita) e os democratas-cristãos do Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP) foram solucionadas após três dias de intensas negociações entre os líderes de ambos os partidos.

A crise eclodiu na terça-feira passada, dia 2, quando o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, apresentou sua renúncia irrevogável como titular das Relações Exteriores por divergências com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, devido à falta de consenso para apostar em um novo "ciclo" econômico após dois anos de um duro programa de austeridade.

A renúncia colocou a aliança conservadora no Executivo à beira da ruptura, embora Passos Coelho tenha optado por não aceitar em primeira instância sua renúncia e acabou por convencer a portas de continuar no governo, solução que já foi divulgada na sexta-feira.


O líder do CDS-PP ganhará influência no gabinete e será nomeado vice-primeiro-ministro, um cargo que não existia em Portugal há três décadas.

Durante as reuniões com o chefe de Estado, os grupos da oposição defenderam em bloco a convocação de eleições antecipadas, um cenário que rejeitam tanto os conservadores como as principais patronais do país, preocupadas com o impacto de um novo ato eleitoral na confiança dos mercados.

O principal sindicato do país, a Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal (CGTP, de orientação comunista), defenderam também a realização de eleições "para que o povo decida" que caminho seguir.

Após sua reunião de hoje com o chefe de Estado, o secretário-geral do sindicato, Armênio Carlos, acusou o governo de colocar o país em uma situação de "calamidade econômica e social" pelos severos ajustes aplicados a pedido da UE e do Fundo Monetário Internacional durante os últimos dois anos.

Carlos apontou, ainda, que o atual Executivo "já não merece o benefício da dúvida" e censurou os "interesse partidários" que derivaram na atual crise política.

A União Geral de Trabalhadores (UGT, de tendência socialista) reivindicou a Cavaco Silva a adoção de "uma mudança de política", independentemente de ser aplicada por este governo ou outro que vencer nas urnas.

"Com este Executivo ou com outro, queremos diálogo e uma concertação social ativa", explicou seu secretário-geral, Carlos Silva.

A hipótese de Portugal precisar novamente da ajuda internacional, tida como certa pelo principal partido da oposição, o socialista, alimentou o debate.

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