México x Equador: Obrador realizou sua coletiva de imprensa matinal habitual em Mazatlán (Henry Romero/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 8 de abril de 2024 às 18h38.
Última atualização em 8 de abril de 2024 às 19h00.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, atribuiu, nesta segunda-feira, 8, a invasão à embaixada de seu país em Quito, no Equador, a uma combinação de inexperiência, má assessoria e busca de apoio interno por parte do governo equatoriano.
López Obrador, que rompeu relações com Quito após a operação policial para capturar o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, disse, nesta segunda-feira, que foi uma ação "verdadeiramente autoritária" e "prepotente" por parte do jovem líder equatoriano Daniel Noboa, de 36 anos.
México retira seus funcionários diplomáticos do Equador após ruptura de relações"Quando há governos fracos, que não têm respaldo popular ou capacidade [...] candidatos são fabricados [...] e quem não tem experiência chega" ao poder, sustentou López Obrador.
Mas "a política é um ofício nobre", e quando se carece de experiência ou de apoio popular, "deve-se agir com prudência, equilibrar paixão com razão", porque, de outra maneira, chegam os assessores que só zelam por seus "interesses", acrescentou.
O presidente mexicano realizou sua coletiva de imprensa matinal habitual em Mazatlán (nordeste), para onde viajou para observar o eclipse solar.
"Quem tomou essa decisão não sabe ou tem maus instintos ou simplesmente está mal aconselhado porque sempre há bajuladores que metem o nariz", ressaltou o governante mexicano.
"Nem o temível [ditador chileno Augusto] Pinochet nem outros se atreveram a isso", afirmou, referindo-se à invasão da embaixada, que despertou ampla rejeição internacional.
López Obrador também vinculou a incursão policial a uma disputa interna entre diversos setores políticos do Equador e o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), exilado na Bélgica após ser condenado em seu país por corrupção.
Glas já cumpriu pena pelo escândalo de propinas da empreiteira brasileira Odebrecht e, em dezembro de 2023, buscou refúgio na embaixada mexicana em Quito para evitar um mandado de prisão por outro caso, no qual é acusado de peculato.
"Há um confronto interno e isso os leva a tomar uma medida deste tipo, mas sem dimensionar a repercussão para o seu povo, o Equador e os países do mundo", opinou.
Nesta mesma entrevista coletiva, a chanceler Alicia Bárcena assinalou que o México está preparando os últimos detalhes da denúncia que será apresentada perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra o Equador por desrespeitar as convenções internacionais sobre o asilo político e a inviolabilidade das embaixadas.
No domingo, ao receber o pessoal diplomático que retornou de Quito, Bárcena disse que o México apresentaria essa ação judicial no tribunal de Haia nesta segunda.