Presidente do Peru é alvo de operação por escândalo de relógios Rolex
A ação conjunta do Ministério Público e da polícia foi exibida pelo canal de televisão local
Agência de notícias
Publicado em 30 de março de 2024 às 08h40.
Última atualização em 30 de março de 2024 às 09h53.
As forças de segurança do Peru efetuaram uma operação de busca na madrugada deste sábado, 30, na residência da presidente Dina Boluarte no âmbito de uma investigação por suposto enriquecimento ilícito, depois que a chefe de Estado utilizou relógios Rolex que não foram declarados como parte de seu patrimônio.
Segundo um documento da polícia, quase 40 agentes e promotores participaram na operação "com o objetivo de revistar a residência e apreender os relógios Rolex", cuja procedência e aquisição Boluarte não foram explicadas por Boluarte.
Desde 18 de março, a presidente peruana é investigada por suposto crime de enriquecimento ilícito e omissão de apresentar declarações em documentos públicos.
O caso começou com uma denúncia jornalística sobre uma suposta coleção de relógios de luxo que a presidente não incluiu em sua declaração de bens.
Governo critica buscas na casa da presidente do Peru
Os promotores que entraram na residência não deram declarações aos jornalistas que estavam nas imediações da casa.
Segundo a imprensa peruana, a presidente não estava na residência e não foi possível determinar se ela estava em seu gabinete no Palácio de Governo.
A presidência peruana não comentou a operação até o momento.
O escândalo explodiu com uma reportagem do programa jornalístico "La Encerrona" exibida há algumas semanas.
A reportagem revelou que Boluarte utilizou vários relógios da marca de luxo Rolex em eventos oficiais desde que tomou posse como vice-presidente do governo do ex-presidente Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021.
O período analisado pelo programa vai até dezembro de 2022, mês em que ela assumiu a presidência.
Após a exibição da reportagem, Boluarte afirmou que era um relógio "antigo", produto do seu "esforço", já que trabalha desde os 18 anos.
"Entrei no Palácio de Governo com as mãos limpas e sairei com as mãos limpas, como prometi ao povo peruano", declarou Boluarte, 61 anos, na semana passada.
Com o escândalo, a Controladoria da República anunciou que revisaria novamente as declarações de bens apresentadas por Boluarte nos últimos dois anos em busca de um eventual desequilíbrio patrimonial.
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Ação conjunta
A ação conjunta do Ministério Público e da polícia foi exibida pelo canal de televisão local Latina. As imagens mostram os agentes cercando a casa no bairro de Surquillo, zona leste de Lima, e bloqueando o tráfego nas ruas próximas.
A operação na residência "tem fins de busca e apreensão", afirmou a polícia.
A ação foi autorizada pelo Tribunal Superior de Investigações Preparatórias, presidido pelo juiz Juan Carlos Checkley, a pedido do procurador-geral da nação.
O que pode aconteer?
A operação surpresa foi realizada depois que o MP não aceitou a solicitação da presidente para reagendar uma convocação da Procuradoria, programada para o início da semana, quando ela deve apresentar os relógios e os comprovantes de compra.
Se for indiciada neste caso, a presidente não poderá ser julgada até julho de 2026, quando termina o seu mandato, segundo estabelece a Constituição. A investigação, no entanto, pode prosseguir neste período.
O escândalo, porém, pode resultar em um pedido de vacância (destituição) de Boluarte no Congresso, sob a alegação de "incapacidade moral".
Para que isto aconteça, as bancadas de partidos de direita, que têm maioria no Parlamento unicameral e representam a principal base de apoio da presidente, terão que apoiar as bancadas minoritárias de esquerda em uma aliança difícil de ser concretizada.