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Presidente do Peru acusa MP de fazer parte de golpe de Estado

Esta é a primeira vez que o MP denuncia um presidente em exercício no Peru

"Não se pode promover um golpe de Estado manipulando ou politizando outro poder, como é o espaço do Ministério Público", declarou Castillo (ERNESTO BENAVIDES/AFP/Getty Images)

"Não se pode promover um golpe de Estado manipulando ou politizando outro poder, como é o espaço do Ministério Público", declarou Castillo (ERNESTO BENAVIDES/AFP/Getty Images)

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AFP

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 09h19.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, reiterou nesta quinta-feira (13) que a denúncia do Ministério Público (MP) que pode lhe custar o cargo faz parte de um golpe de Estado, e voltou a negar as acusações de que lidera uma organização criminosa em seu governo.

"Não se pode promover um golpe de Estado manipulando ou politizando outro poder, como é o espaço do Ministério Público", declarou Castillo à TV estatal durante uma viagem oficial pelo interior do país. "O que rejeitamos é criar testemunhas, querer orquestrar dizendo que Pedro Castillo é chefe de uma rede criminosa."

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Castillo chamou a denúncia constitucional contra ele apresentada ao Congresso na última terça-feira pela procuradora-geral Patricia Benavide de "erro" que está a tempo de ser corrigido.

A hipótese do MP é que o presidente chefia uma rede de corrupção com lavagem de dinheiro e concessão de contratos de obras públicas, e que é formada por seu entorno familiar e político.

Esta é a primeira vez que o MP denuncia um presidente em exercício no Peru.

A Subcomissão de Acusações Constitucionais do Congresso, primeiro obstáculo do processo que pode levar a um julgamento, começará a avaliar a denúncia nesta sexta-feira, em um processo que levará pelo menos duas semanas. Se a denúncia for declarada admissível, terá início um julgamento político contra Castillo, que pode durar entre dois e três meses.

O plenário do Congresso é a única instância que pode decidir o destino de Castillo, eleito no ano passado para governar até julho de 2026.

A denúncia inclui dois ex-ministros acusados de tráfico de influência: Juan Silva, ex-titular de Transportes e Comunicações, e Geiner Alvarado, ex-ministro da Habitação. Ambos são acusados de fazer parte da organização supostamente dirigida por Castillo na presidência.

Paralelamente, grupos de apoiadores e críticos do presidente se mobilizaram nas ruas do centro histórico de Lima.

"Fora, delinquente!", gritou um grupo de militantes do partido social-democrata APRA, que chegou à praça de armas de Lima.

"Apoio ao casal presidencial", dizia um cartaz exibido por apoiadores do mandatário.

Castillo acumula seis inquéritos contra ele desde que assumiu o poder, há 15 meses. Os casos atingem seu entorno familiar, como sua esposa, cunhado e sobrinhos.

Desde que chegou ao poder, tem vivido sob cerco do Ministério Público, e o assédio de um Congresso dominado pela direita, que exige sua renúncia e já tentou destituí-lo duas vezes.

O presidente, um professor de escola rural, assim como sua esposa, nega que sua família tenha cometido crimes e se diz vítima de um campanha para tirá-lo do poder.

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