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Presidente do Panamá recebeu "doações" da Odebrecht, diz Fonseca

=Fonseca Mora explicou que decidiu "falar" agora porque a pretensão do MP de envolver seu escritório no caso Odebrecht "é o cúmulo"

Presidente do Panamá: Fonseca Mora foi ministro conselheiro de Varela e presidente do governista Partido Panamenhista até março de 2016 (Rodrigo Arangua)
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EFE

Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 22h13.

Panamá - O presidente do Panamá , Juan Carlos Varela, recebeu "doações" da Odebrecht , assegurou nesta quinta-feira Ramón Fonseca Mora, ex-ministro conselheiro e sócio do escritório Mossack Fonseca, epicentro do escândalo conhecido como Panama Papers.

"(Varela) me disse que tinha aceitado doações da Odebrecht porque não podia brigar com todo mundo", declarou Fonseca Mora a jornalistas antes de entrar nesta quinta-feira no prédio da procuradoria panamenha, onde é requerido por seu suposto envolvimento nos casos investigados pela Lava Jato no Brasil.

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Ao ser novamente questionado sobre as supostas "doações" da construtora brasileira ao presidente do Panamá, Fonseca Mora respondeu: "isso (Varela) me disse".

O secretário de Comunicação da presidência do Panamá, Manuel Domínguez, não quis dar uma resposta imediata e afirmou que nas próximas horas haverá um posicionamento oficial do governo.

Fonseca Mora foi ministro conselheiro de Varela e presidente do governista Partido Panamenhista até março de 2016, quando pediu uma "licença" para se defender das acusações derivadas do vazamento de documentos do escritório que fundou há mais de quatro décadas com Jürgen Mossack e que apontam a criação de milhares offshores em todo o mundo.

O ex-ministro conselheiro declarou nesta quinta-feira que desde janeiro de 2016 queria renunciar a esse cargo e ao de presidente do partido governista "por tudo o que tinha ouvido".

"Senhor presidente Varela, Deus o colocou neste posto para regular as coisas, Deus o colocou neste posto para regular as instituições, e não como me disse em seu escritório com Beby Valderrama (deputado governista) e 'Popi' Varela (irmão do presidente) que tinham nomeado (José) Ayú Prado (como presidente do Supremo) porque ele sim se deixava conduzir desde cima", afirmou.

Visivelmente exaltado, Fonseca Mora explicou a jornalistas que decidiu "falar" agora porque a pretensão do Ministerio Público panamenho de envolver seu escritório no caso Odebrecht "é o cúmulo" após mais de um ano do que chamou se "assédio" judicial.

"A Mossack Fonseca não tem qualquer relação nem com a Odebrecht, nem com nenhuma outra companhia da Lava Jato", disse o advogado, que reconheceu que "algumas empresas" anônimas constituídas por seu escritório "foram vendidas a advogados ou a bancos que tiveram relação com algumas das pessoas envolvidas" no maior caso de corrupção na história do Brasil.

Fonseca Mora alegou que está sendo apontado como parte do escândalo de corrupção da Odebrecht porque desde que era ministro conselheiro dizia que era preciso investigar e auditar a construção da terceira fase da orla marítima da capital panamenha, conhecida como Cinta Costera.

Esse projeto foi executado pela Odebrecht por pelo menos US$ 776,9 milhões, mas seu custo real era de entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões, segundo os cálculos de uma empresa chinesa, segundo ele.

"Estão buscando um bode expiatório, alguém que desvie a atenção, e eu queria pedir à senhora procuradora (procuradora-geral, Kenia Porcell), que talvez a enganaram como a mim, para que por favor, de verdade, investigue a Odebrecht no Panamá", afirmou Fonseca Mora.

O advogado argumentou que os escritórios da construtora brasileira ou os de seus representantes legais não foram investigados no Panamá, com operações de busca e apreensão, inclusive, como no caso da Mossack Fonseca.

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