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Presidente do Irã precisa ganhar apoio diante de protestos

Os críticos de Rohani o acusam de abandonar as classes populares ao tentar aumentar em 50% os preços da gasolina

Hassan Rohani: ele assegurou que o aumento dos preços era necessário para acabar com o desemprego (Reuters/Fars News/Seyed Hassan Mousavi/Reuters)

Hassan Rohani: ele assegurou que o aumento dos preços era necessário para acabar com o desemprego (Reuters/Fars News/Seyed Hassan Mousavi/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 17h01.

Quando os protestos parecem perder sua força, o presidente iraniano, Hassan Rohani, terá que se mostrar hábil para tirar benefícios das reivindicações e evitar que o movimento afete seu programa de reformas.

O governo se fechou diante das revoltas e acusou inimigos estrangeiros e grupos "terroristas" em exílio de terem promovido a violência. Mas todas as partes do espectro político admitem que a frustração gerada pelo desemprego, pelo alto custo de vida e pela corrupção percebida converteram o Irã em um paiol.

Os críticos de Rohani o acusam de abandonar as classes populares ao tentar aumentar em 50% os preços da gasolina no orçamento para o próximo ano, anunciado apenas semanas antes do início dos protestos.

Em seu discurso sobre o orçamento, Rohani assegurou que o aumento dos preços era necessário para acabar com o desemprego, mas o Parlamento aparentemente rejeitará a medida em sua tentativa de mostrar que está ouvindo o incômodo das ruas.

"Um aumento no preço da gasolina não favorece o país, há outros métodos (...) para que as classes populares não sofram pressões" econômicas adicionais, disse o presidente do Parlamento, Ali Larijani, não obstante um aliado de Rohani. Ele também advogou por um aumento mais rápido do salário mínimo e maior ajuda às classes desfavorecidas e aos aposentados.

Ministros milionários

Um vídeo publicado nos últimos dias nas redes sociais, que se tornou rapidamente viral, mostra cidadãos de Teerã criticando duramente as políticas do governo. "Alguma vez Rohani comprou seus próprios ovos, ou carne?", diz um homem de 40 anos.

"Protesto contra o roubo, o desvio de dinheiro. Quem está por trás disso? Os que vivem nos palácios, aqueles com ministros milionários em seus gabinetes", acrescenta outro cidadão.

Reeleito no ano passado, Rohani argumentou que as reformas de liberalização são necessárias para endireitar a economia, e assinala a queda da inflação - de 40% para 10% - como um sucesso fundamental de seu mandato desde sua chegada ao poder em 2013.

Também aponta um grande aumento no crescimento econômico - que o Banco Central situou em 12,3% no ano passado -, possível graças ao incremento das exportações petroleiras, que duplicaram após o acordo nuclear de 2015 e da retirada parcial das sanções internacionais.

Mas isso não permitiu melhorar a situação do desemprego, e muitos iranianos se queixam da ausência de resultados em sua vida diária. Oficialmente a taxa de desemprego está em 12%, e alcança 30% entre os jovens.

Uma oportunidade única

"As pessoas estão cansadas disso, especialmente os jovens. Não há nada para ficarem felizes", disse à AFP Satira Mohammadi, uma professora de 35 anos de Teerã.

Mas os analistas acreditam que Rohani ainda pode se beneficiar dos protestos, especialmente acelerando seu programa de reformas. "Esta crise criou uma nova oportunidade para mudanças, o que é necessário, já que de outra maneira as consequências poderiam ser sérias" para o conjunto do poder, considera Abbas Abdi, analista de Teerã próximo aos reformistas.

"Estou certa de que o governo de Rohani irá obter capital político disso tudo", assegura Ellie Geranmayé, analista iraniana no European Council on Foreign Relations. Os reformistas também poderiam tentar obrigar os conservadores a atenuar suas críticas.

Mohamad Sadegh Javadihesar, um analista próximo aos reformistas que vive em Mashhad, onde começaram as manifestações em 28 de dezembro, afirma que os rivais de Rohani provocaram os protestos "insistindo no aumento dos preços dos ovos e na vontade do governo de aumentar os preços da gasolina".

O vice-presidente, Eshaq Jahangiri, acusou implicitamente os conservadores de "quererem atacar o governo" provocando as manifestações de Mashhad.

"É uma oportunidade única para Rohani passar de alvo dos manifestantes a campeão das reformas", declara Ali Vaez, do International Crisis Group, que considera que o presidente deve pressionar para conseguir mais mudanças. "Haverá resistência, mas Rohani não tem nada a perder", já que não poderá se candidatar a um novo mandato.

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