Budapeste: um manifestante foi visto segurando uma chama durante o protesto contra a nova lei trabalhista aprovada pelo governo conservador de direita liderado por Viktor Orban (Omar Marques/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
EFE
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 16h22.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 16h42.
Budapeste - O presidente da Hungria, János Áder, informou nesta quinta-feira que sancionou a polêmica lei que eleva de 250 para 400 o número de horas extras que os trabalhadores do país podem fazer no ano, medida que gerou uma série de protestos.
"Constatei que a lei não limita as disposições em defesa dos trabalhadores", argumentou Áder em nota divulgada pela presidência.
Chamada pelos críticos de "lei da escravidão", a polêmica lei estabelece um máximo de 400 horas extras anuais para os húngaros. Assim, alguns podem passar a trabalhar seis dias por semana.
Além disso, o texto permite que os empresários só paguem os valores dessas horas adicionais em 36 meses.
Após a aprovação da lei na semana passada, uma série de protestos foi organizada em Budapeste e outras cidades do país. As manifestações uniram oposição, sindicatos e organizações civis.
Apesar das horas extras serem "voluntárias", os críticos da lei alertam que os trabalhadores que se neguem a aceitá-las ficarão marcados pelos empresários e correrão risco de demissão.
O presidente da Hungria, do partido conservador nacionalista Fidesz, discordou da visão dos críticos e disse que os empregadores não poderão punir os funcionários que se negarem a aceitar as horas extras. E alegou que a lei não diminui a capacidade dos sindicatos de oferecer proteção aos trabalhadores para convênios coletivos.
O Momentum, partido que está fora do parlamento mas participou ativamente das manifestações, reagiu chamando o presidente de "servil" e alertou que organizará um novo protesto amanhã em frente ao Palácio Sandor, sede da presidência.
Vários partidos de oposição e os sindicatos convocaram uma passeata para amanhã para pedir que o presidente volte atrás.
A polêmica lei foi aprovada pela maioria parlamentar do Fidesz, também partido do primeiro-ministro, o nacionalista Viktor Orbán. As novas regras entram em vigor no dia 1º de janeiro.