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Presidente da Google visita país onde internet é ignorada

Eric Schmidt simboliza tudo o que o regime comunista de Pyongyang é contra há décadas: o acesso à informação sem censura


	Bill Richardson (2d) e Eric Schmidt (2e) visitam o centro de computação da Universidade Kim Il Sung, em Pyongyang
 (AFP/ Kns)

Bill Richardson (2d) e Eric Schmidt (2e) visitam o centro de computação da Universidade Kim Il Sung, em Pyongyang (AFP/ Kns)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 19h42.

Seul - A visita do presidente da Google à Coreia do Norte despertou a curiosidade de muita gente sobre o que Eric Schmidt poderia querer em um país onde o acesso à internet é quase inexistente.

Eric Schmidt, que desde segunda-feira está em "visita humanitária" de três dias junto com o ex-diplomata americano Bill Richardson, simboliza tudo o que o regime comunista de Pyongyang é contra há décadas: o acesso à informação sem censura.

"A Google tem tido que aceitar compromissos delicados e tem sido alvo de fortes críticas por seu esforço em manter uma presença na China, mesmo diante da censura do governo chinês", lembrou Stephen Haggard, especialista em Coreia do Norte do Instituto Peterson.

"Não podemos criticar eles por tentarem fazer a mesma coisa agora com Pyongyang, mas a gigante da informação talvez tenha encontrado um páreo mais duro", completou o especialista. "Imagine a resposta de Kim Jong-Un (líder da Coreia do Norte) à apresentação de PowerPoint sobre o poder libertador do Google?", perguntou Haggard.

Oficialmente, o objetivo da visita de Schmidt e de Richardson é negociar a libertação de um americano de origem coreana, detido em Pyongyang no mês passado.

Embora os norte-coreanos vivam sob um regime no qual somente cerca de mil pessoas possuem acesso à internet e onde só existem emissoras de televisão e rádio estatais, o país não é um deserto total em matéria de tecnologia da informação.


Desde 2002, existe uma rede de internet interna, que só publica informações autorizadas pelo regime. Algumas agências governamentais têm seu próprio site, e os telefones celulares foram introduzidos em 2008, por meio de um acordo com a empresa egípcia Orascom.

Os analistas apontam também o fato das fronteiras não serem tão herméticas como antigamente, dando o exemplo dos telefones celulares chineses contrabandeados, que permitem ligar para o estrangeiro, e os DVDs, MP3 e Pen drives USB, todos introduzidos ilegalmente.

Porém, 95% da população não tem nem celular, nem acesso à internet.

Alguns analistas como Scott Bruce, especialista na Coreia do Norte, destacam que o 5% restante representa um aumento significativo e sem precedentes para o país.

"A Coreia do Norte vem registrando uma evolução fundamental. Um Estado que limitava o acesso às tecnologias da informação para garantir a segurança do regime se converteu em um Estado disposto a se servir delas como ferramenta, pelo menos entre a classe privilegiada, para apoiar o desenvolvimento nacional", explicou Bruce em comunicado do East-West Center, com sede na Havaí.

Isto deve levar os Estados Unidos a encorajar o desenvolvimento deste setor, "uma operação que tem o potencial de transformar a Coreia do Norte a longo prazo", completou o especialista.

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