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Presidente da Colômbia pede a renúncia de todo o gabinete

A solicitação, confirmada por funcionários de alto escalão que pediram anonimato, não foi oficializada por Petro, o primeiro presidente de esquerda do país

Petro: o presidente não conseguiu implementar as profundas mudanças que prometeu em sua campanha eleitoral (Henry Romero/Reuters)

Petro: o presidente não conseguiu implementar as profundas mudanças que prometeu em sua campanha eleitoral (Henry Romero/Reuters)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 26 de abril de 2023 às 11h03.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu a renúncia de todo seu gabinete em meio às dificuldades que seu governo enfrenta para aprovar os projetos de lei no Congresso, confirmaram três ministros nesta quarta-feira, 26, à AFP.

A solicitação, confirmada por funcionários de alto escalão que pediram anonimato, não foi oficializada por Petro, o primeiro presidente de esquerda do país.

Na noite de terça-feira, 25, o chefe de Estado colombiano mencionou no Twitter que iria "repensar o governo", após encerrar as alianças com partidos tradicionais cruciais para o sucesso de suas reformas.

No poder desde 7 de agosto de 2022, Petro não conseguiu implementar as profundas mudanças que prometeu em sua campanha eleitoral, em relação aos sistemas trabalhista, de saúde, previdenciário, judiciário, entre outros.

Os partidos Liberal, Conservador e 'de la U', que se distanciaram do governo na terça-feira, se opuseram às suas iniciativas.

Em um evento público, Petro afirmou que é necessário instalar um "governo de emergência" na Colômbia, "já que o Congresso não foi capaz de aprovar alguns artigos simples e muito pacíficos" sobre a divisão equitativa de terras. Nenhum ministros apresentou publicamente sua renúncia.

Mudança pode favorecer as reformas?

O presidente colombiano já havia formado um primeiro gabinete afastado das forças de esquerda que o levaram à presidência e optou por políticos de centro e direita ou acadêmicos como o economista José Antonio Ocampo (Partido Liberal), que indicou para a pasta do Tesouro.

Ele designou o investigador Iván Velásquez para a pasta da Defesa e o conservador Álvaro Leyva para as Relações Exteriores.

Outros como Alfonso Prada (Interior) e Guillermo Reyes (Transportes) têm ligações com os partidos que agora se opõem às reformas do governo.

"A mudança de gabinete não parece boa para os que representam os partidos tradicionais ou os que haviam dito 'não' às reformas", afirmou Sergio Guzmán, diretor da consultoria Colombia Risk Analysis, no Twitter.

Durante seu mandato como prefeito de Bogotá (2012-2015), Petro enfrentou constantes mudanças em sua equipe de trabalho, seja por demissões ou por decisão própria. Na ocasião, os opositores e alguns de seus ex-funcionários apontaram a dificuldade do atual presidente de trabalhar em equipe.

Em 15 de fevereiro, o mandatário pediu a seus apoiadores que fossem às ruas para pressionar pela aprovação de suas reformas. Em seguida, alertou de uma sacada da residência presidencial Casa de Nariño que continuaria convocando manifestações até que a "mudança" fosse uma realidade.

Dias depois, em 28 de fevereiro, demitiu três de seus ministros, entre eles o centrista Alejandro Gaviria, da pasta da Educação, cujas críticas à reforma da saúde proposta pelo governo vazaram na imprensa.

Também foram afastadas a ex-campeã olímpica María Isabel Urrutia, do Ministério do Esporte, acusada em um escândalo de corrupção, e Patricia Ariza, da pasta de Cultura, sem justificativa conhecida para a decisão.

Pior crise do governo colombiano

O terremoto no gabinete representa a pior crise governamental interna em pouco mais de nove meses de mandato.

Além do fracasso no Congresso, Petro acrescenta contratempos em suas tentativas de estabelecer uma "Paz Total" com todos os grupos armados ilegais do país.

Os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), com quem conduz negociações de paz, se recusaram a participar de um cessar-fogo bilateral proposto pelo governo em 31 de dezembro.

Já o Clã do Golfo, o maior cartel do tráfico de drogas no país, também participou da trégua, mas o presidente reativou as operações militares contra essa organização após ataques a civis e forças públicas.

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